Dezenas de vítimas mortais. Israel prossegue ataques em Gaza e no Líbano
Os ataques israelitas na Faixa de Gaza, devastada por mais de um ano de guerra, provocaram esta segunda-feira mais de 20 mortos e vários feridos. Na outra frente de batalha, as forças de defesa de Israel mataram pelo menos seis pessoas em Beirute.
Na cidade de Beit Lahiya, no norte da Faixa de Gaza, que está cercada há seis semanas, os médicos revelaram que um míssil israelita atingiu uma casa, matando pelo menos duas pessoas e ferindo várias outras.Beit Lahiya tem sido alvo dos bombardeamentos mais violentos da guerra em Gaza desde outubro registando-se um aumento de ataques aéreos e uma campanha terrestre e que se alastrou às localidades de Yabalia e Beit Hanoun.
No domingo, médicos e residentes disseram que dezenas de pessoas foram mortas ou feridas num ataque aéreo israelita a um edifício residencial de vários andares na cidade.
Os militares israelitas, que lutam contra o grupo militante palestino Hamas em Gaza desde outubro de 2023, disseram que conduziram ataques a “alvos terroristas” em Beit Lahiya.
O porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmoud Bassal, afirmou que 26 pessoas, incluindo mulheres e crianças, morreram em bombardeamentos no sul, em Rafah e Khan Younis, e no centro, em Nousseirat e Al-Bureij. Também esta segunda-feira um ataque aéreo israelita a uma casa na cidade de Gaza matou cinco pessoas e feriu outras dez, segundo os médicos.No domingo, pelo menos 111 pessoas morreram no enclave palestiniano, segundo a agência de notícias Wafa, que sublinha que se tratou de um dos dias mais violento na Faixa de Gaza desde outubro.
O exército israelita enviou tanques e soldados para Beit Lahiya e para as cidades vizinhas de Beit Hanoun e Jabalia, o maior dos oito campos de refugiados históricos da Faixa de Gaza, no início do mês passado, naquilo que afirma ser uma campanha para combater os militantes do Hamas que estão a realizar ataques e impedi-los de se reagruparem.
Hussam Abu Safiya, diretor do Hospital Kamal Adwan, em Beit Lahiya, revelou à Reuters que a unidade hospitalar estava cercada pelas forças israelitas e que a Organização Mundial de Saúde não tinha conseguido entregar alimentos, medicamentos e equipamento cirúrgico.
Os casos de desnutrição entre as crianças estão a aumentar e o hospital está a funcionar a um nível mínimo.
“Recebemos todos os dias pedidos de socorro, mas não podemos prestar-lhes assistência devido à falta de ambulâncias, e a situação é catastrófica”, afirmou. “Ontem, recebi um pedido de socorro de mulheres e crianças presas sob os escombros e, devido à minha incapacidade de as ajudar, elas estão agora entre os mártires (mortos).”
Israel afirmou ter matado centenas de militantes do Hamas nas três áreas do norte, onde os residentes afirmam que estão isolados da cidade de Gaza, tornando difícil e perigoso fugirem. Os braços armados do Hamas e do grupo militante Jihad Islâmica afirmaram ter matado soldados israelitas em ataques com foguetes antitanque e morteiros.
O Ministério da Saúde de Gaza, dirigido pelo Hamas, afirma que mais de 43.800 pessoas foram confirmadas como mortas desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023. Nesse dia, os militantes do Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas em comunidades de ataque no sul de Israel e fizeram dezenas de cerca de 250 reféns que levaram para Gaza, de acordo com informações de Israel.
Desencadeada em 7 de outubro de 2023 por um ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em solo israelita, a guerra em Gaza estendeu-se ao Líbano, onde o exército israelita efetua ataques intensivos contra redutos do movimento pró-iraniano Hezbollah, que abriu uma frente contra Israel em apoio do Hamas em 8 de outubro de 2023.
Escolas encerradas em Beirute
As escolas foram encerradas na capital libanesa esta segunda-feira, um dia depois de os mortíferos ataques israelitas terem atingido o coração de Beirute, matando o responsável dos meios de comunicação social do Hezbollah, o movimento pró-iraniano contra o qual Israel trava uma guerra aberta desde o final de setembro.
Durante a noite e na manhã desta segunda-feira, o exército israelita efetuou novos ataques em vários sectores do sul do Líbano, avançou a agência noticiosa libanesa Ani. De acordo com o Ministério libanês da Saúde, os dois ataques israelitas, efetuados no domingo em pleno centro da capital, mataram pelo menos seis pessoas.
As escolas públicas e os estabelecimentos de ensino superior privados que oferecem cursos presenciais permanecerão encerrados até terça-feira inclusive, segundo um comunicado de imprensa do Ministério libanês da Educação.
O sistema de ensino no Líbano já foi afetado pelos ataques israelitas contra o Hezbollah, com muitas famílias deslocadas e escolas disponibilizadas para as acolher.
O encerramento das escolas na capital ocorre um dia depois de o principal porta-voz do Hezbollah, Mohammad Afif, ter sido morto num ataque aéreo israelita no centro de Beirute.
O exército israelita, cujos ataques aéreos maciços desde 23 de setembro dizimaram em grande parte a liderança do movimento, confirmou no domingo à noite que tinha morto o funcionário, que descreveu como o “chefe de propaganda” da milícia xiita.
Membro do Hezbollah desde o início dos anos 80, Mohammad Afif fazia parte do círculo íntimo do antigo líder do movimento, Hassan Nasrallah, que foi morto num ataque israelita no final de setembro nos subúrbios do sul de Beirute, o bastião do Hezbollah. Mohammad Afif foi morto no primeiro bombardeamento em Ras el-Nabaa, avançou uma fonte de segurança à AFP. O ataque fez ainda “quatro mortos, entre os quais uma mulher, e 14 feridos, entre os quais duas crianças”, informou o Ministério.O Ministério da Saúde informou igualmente que 11 pessoas foram mortas e 48 ficaram feridas noutros ataques israelitas realizados no domingo no sul do país, nomeadamente contra a cidade milenar de Tiro.
O segundo ataque, no domingo à noite, no bairro de Mar Elias, onde está instalado um campo de refugiados fez dois mortos e 13 feridos.
Este ataque provocou um incêndio no bairro, que foi controlado esta segunda-feira após a explosão de combustível, segundo a agência Ani.
Segundo o exército israelita, no domingo, o Hezbollah disparou cerca de 20 projéteis contra a Galileia ocidental e a baía de Haifa, no norte de Israel, alguns dos quais foram intercetados.
Israel, que iniciou operações terrestres no sul do Líbano a 30 de setembro, entrou em guerra aberta com o Hezbollah, após um ano de violências transfronteiriças iniciadas pelo movimento armado em apoio do seu aliado palestiniano Hamas, que deslocaram dezenas de milhares de habitantes das zonas fronteiriças dos dois países.
Apesar dos golpes infligidos aos seus dirigentes, o Hezbollah afirma disparar diariamente contra Israel e que está a fazer recuar as suas tropas para o sul.
Dados do Ministério da Saúde revelam que mais de 3.480 pessoas foram mortas no Líbano desde 8 de outubro de 2023, a maioria das quais desde 23 de setembro. Do lado israelita, 45 civis e 78 soldados foram mortos nestes 13 meses.
c/ agências