Dezenas de mortos na Síria em alegado ataque com "gás tóxico"

por RTP
O gás terá sido lançado esta manhã por aviões não identificados. Ammar Abdullah - Reuters

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos denunciou um ataque aéreo com um "gás tóxico" desencadeado esta terça-feira sobre a província de Idlib, controlada pelas forças rebeldes. Há registo de pelo menos 58 vítimas mortais, entre as quais 11 crianças.

O correspondente da France Presse avança que o hospital onde os feridos estavam a ser assistidos foi bombardeado, registando-se "destruição significativa" na infraestrutura.

Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, o ataque com um "gás tóxico" terá acontecido esta manhã na localidade de Khan Sheikhoun por aviões não identificados.



A organização não-governamental cita ainda fontes médicas no terreno que apontam para a ocorrência de um ataque com um “gás tóxico”, sendo que ainda não foi possível identificar qual é a substância em causa.
 
As vítimas deste ataque mostravam sinais de asfixia, vómitos e dificuldade em respirar, sintomas comuns decorrentes do contacto com agentes químicos.

Mohammed Rasoul, responsável por um serviço de assistência em Idlib, disse à BBC que as primeiras informações sobre os ataques aéreos chegaram por volta das 6h45 locais (3h45 em Lisboa). As primeiras ambulâncias chegaram pouco depois e as equipas de assistência encontraram “pessoas a sufocar nas ruas”.

Segundo este responsável, o número de mortos poderá ascender a mais de 60. Vários sites e redes sociais de ativistas e grupos de oposição publicaram nas últimas horas fotografias de alegadas vítimas de ataques, cuja autenticidade não foi possível confirmar. 

Até ao momento, não há qualquer confirmação deste ataque pelo regime de Damasco. O bombardeamento foi denunciado pelo observatório sírio, que identifica o Governo sírio ou os aliados russos como possíveis autores. A organização está sediada em Londres, mas conta com uma extensa rede de fontes de médicos e ativistas no terreno.
Província controlada por rebeldes
A província de Idlib é controlada em grande parte por uma aliança de fações rebeldes de oposição ao Governo e pelo grupo Tahrir al-Sham, anteriormente conhecido como al-Nusra, e que é identificado como o braço da Al Qaeda na Síria.

Esta província é alvo regular de ataques perpetrados pelo Governo de Bashar al-Assad e pelos aliados russos. A coligação internacional liderada pelos Estados Unidos também tem levado a cabo vários ataques na região, num contexto de luta contra o autoproclamado Estado Islâmico.

Em resposta a este ataque, a Coligação Nacional síria, principal aliança da oposição a Bashar al-Assad, acusa Damasco ter lançado o gás tóxico sobre os civis. Ao fim de seis anos de guerra civil, o Governo sírio negou por várias vezes o uso de armas químicas contra civis, mas ainda não prestou qualquer declaração sobre este ataque em Khan Sheikhoun.

De recordar que em agosto de 2013 vários países e organizações ocidentais condenaram o Governo sírio por ter desencadeado um ataque com gás sarin em zonas controladas por rebeldes nos subúrbios de Damasco. Só nessa ofensiva morreram pelo menos 300 pessoas. Porém, as organizações humanitárias apontaram na altura para números bastante superiores.

O Governo de Bashar al-Assad negou categoricamente todas acusações, mas aceitou destruir o arsenal de armas químicas. Sob pressão internacional, a Síria ratificou a Convenção sobre a Proibição de Armas Químicas nesse mesmo ano. Não obstante, a organização para a Proibição das Armas Químicas (OPCW, na sigla em inglês) tem documentado vários ataques com recurso a compostos químicos.
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