Quatro dias de chuvas torrenciais no nordeste brasileiro fizeram cerca de quatro dezenas de vítimas mortais e mais de 100 mil desalojados. A Defesa Civil admite o agravamento deste balanço. Os Estados de Alagoas e Pernambuco são os mais afectados. Mais de mil pessoas estão desaparecidas, 80 mil desalojadas e 15 localidades em calamidade pública só em Alagoas. Em 53 concelhos de Pernambuco foi decretado o estado de emergência.
As forças armadas foram mobilizadas para socorrer e apoiar os desalojados e os afectados pela intempérie. As regiões mais afectadas estão a ser sobrevoadas por helicópteros. Foram distribuídos, até ontem, colchões e mantas, bem como mais de 20 mil cestos com alimentos.
Cerca de 14 toneladas de alimentos, remédios, produtos de higiene pessoal e colchões saíram, durante a madrugada, de São Paulo para ajudar as pessoas que perderam tudo nas enchentes. Contudo, o recomeço das chuvas podem prejudicar a distribuição de bens.
O Estado do Rio de Janeiro enviou um hospital de campanha para Alagoas, enquanto os estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul vão ajudar com mantimentos e roupas
O Governo de Alagoas anunciou a montagem de dois hospitais de campanha, sendo de esperar que as unidades entrem em funcionamento ainda esta terça-feira.
Casas, estradas e pessoas levadas pela enxurrada
A corrente dos rios Mundaú e Paraíba levou casas, pontes e estradas, provocando o isolamento e até a destruição de povoações, principalmente nos Estados de Alagoas e Pernambuco.
As autoridades de Pernambuco consideram que será necessário 45,5 milhões de euros para a recuperação das estruturas. Este Estado do nordeste brasileiro regista a destruição de 69 pontes, cerca de 1500 quilómetros de estradas e de 6400 habitações.
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, refere que desde 6.ª feira "temos assistido a um filme de terror". Por seu turno, o governador de Alagoas, Teotónio Vilela Filho, apela à calma da população e sublinha o empenho das autoridades e providenciar socorro.
No Estado de Alagoas, o município de União dos Palmares é o local onde há mais desaparecidos (500) e desalojados. Na mesma região, cerca de 80 por cento da cidade de Quebrangulo está submersa, o que motivou a deslocação dos habitantes.
Bombeiros e militares procuram por famílias inteiras desaparecidas, o que leva as autoridades a admitir o aumento exponencial do número de vítimas.
As previsões meteorológicas desta terça-feira apontam para chuva acima da média para a altura do ano (início de Inverno), no nordeste brasileiro.