Dez países suspendem ajuda à agência da ONU para refugiados palestinianos

por RTP
Israel quer “parar” a atividade da agência que “não fará parte” da ajuda prestada a Gaza no pós-guerra Ibraheem Abu Mustafa - Reuters

Dez países já suspenderam o apoio à agência da ONU em Gaza para os refugiados palestinianos (UNRWA), depois de Israel ter acusados alguns dos seus funcionários, na passada sexta-feira, de estarem envolvidos nos ataques do Hamas a 7 de outubro.

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA) já despediu 12 funcionários na sequência das alegações.

Os Estados Unidos retiraram na sexta-feira o financiamento à organização, seguindo-se Canadá, Austrália, Itália, Reino Unido, Finlândia, Países Baixos, Alemanha, Japão e Áustria. A Irlanda e a Noruega dizem que vão continuar a prestar apoio. Por outro lado, a Suíça espera por mais informações para tomar uma decisão e França anunciou no domingo que não planeia dar nenhum contributo financeiro à agência durante o primeiro trimestre do ano.
Estes países são alguns dos principais financiadores da agência. A suspensão deste apoio põe em causa a capacidade de continuar a prestar ajuda humanitária às pessoas em Gaza à medida que o conflito se agrava.A organização emprega cerca de 13 mil pessoas em Gaza e já foram mortos cerca de 152 funcionários da UNRWA desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, de acordo com a agência.

Até ao momento, ainda não foi esclarecido nem por Israel nem pela UNRWA de que forma estiveram envolvidos os funcionários da agência nos acontecimentos de 7 de outubro.

Israel quer “parar” a atividade da agência que “não fará parte” da ajuda prestada a Gaza no pós-guerra. Segundo a WAFA, a agência oficial de notícias palestiniana, o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, pede que os países reconsiderem a decisão porque “essas posições, se mantidas, puniriam desproporcionalmente milhões do nosso povo sem justa causa”.

O comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, apelou a que os países não suspendam o financiamento e diz ser “chocante ver uma suspensão de fundos para a agência em reação às alegações contra um pequeno grupo de funcionários, especialmente tendo em conta a ação imediata que a UNRWA tomou ao rescindir os seus contratos e pedir uma investigação independente e transparente”.António Guterres, secretário-geral da ONU, pediu aos governos que interromperam as contribuições para que continuem a garatir a atividade da principal agência em Gaza.

A organização foi criada pelas Nações Unidas depois da guerra árabe-israelita de 1948 para prestar ajuda humanitária aos palestinianos deslocados. Desde a sua criação apoia em várias áreas como a educação, cuidados de saúde, serviços sociais, entre outras.

O apelo da ONU a um cessar-fogo e as condenações, por parte de altos funcionários, dos atos de guerra de Israel em Gaza não foram bem recebidos.

A 7 de outubro o Hamas lançou um ataque no sul de Israel, onde morreram mais de mil pessoas. Cerca de 200 foram feitas reféns, segundo os números oficiais de Israel. Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva na Faixa de Gaza com o objetivo de eliminar o movimento radical palestiniano. 

De acordo com o Hamas, desde o início da guerra já morreram mais de 25 mil pessoas.
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