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"Devolva o poder, agora!". Protestos contra Maduro dispersados com gás lacrimogéneo

por Cristina Santos - RTP
Foto: Leonardo Fernandez Viloria - Reuters

Assim que Nicolas Maduro foi oficialmente proclamado vencedor das presidenciais pelo Conselho Nacional Eleitoral, as ruas de Caracas, e não só, estão a encher-se de protestos. Em alguns pontos, a polícia responde com gás lacrimogéneo.

São manifestações espontâneas que reúnem milhares de pessoas esta segunda-feira, em Caracas, assim que Nicolas Maduro foi oficialmente proclamado vencedor das presidenciais pelo Conselho Nacional Eleitoral.

Queimam-se cartazes com o rosto de Nicolas Maduro contam jornalistas da Agência France Press que vão registando os protestos em diversas zonas da capital venezuelana. Luis Garcia, 23 anos, no meio da multidão de manifestantes em Petare, no leste de Caracas, explica à AFP que "as pessoas estão furiosas. É a fraude mais massiva do mundo”. É no bairro de Petare, tido como o maior da América Latina, que muitas pessoas, algumas de cabeça tapada, saíram às ruas contra Nicolas Maduro
Centenas foram até à sede do Conselho Nacional Eleitoral enquanto gritavam "vai cair. Este Governo vai cair" e "vamos até ao fim”.

Num outro ponto de Caracas, num outro bairro pobre (El Cementério), os manifestantes expulsaram alguns elementos da Guarda Nacional Bolivariana e da raiva fizeram o grito: "cobardes (...) não defendem o país".

Há ainda relatos de tiros disparados por civis armados - os chamados “coletivos”, grupos paramilitares afetos ao regime.



Os disparos aconteceram na Avenida Urdaneta, em Caracas, a poucos metros do Palácio Miraflores, o Palácio Presidencial.

Numa outra cidade, Los Teques (30 kms a sul de Caracas) marcham centenas de pessoas contra a declaração de vitória de Maduro.

Vídeos que estão a ser divulgados nas redes sociais mostram ainda que a polícia tenta dispersar os manifestantes com gás lacrimogéneo. É o que está a acontecer em Maracaibo (a cerca de 700kms de Caracas), no estado de Zúlia, oeste do país.

Há um grito comum nos bairros mais pobres de Caracas conta a France Presse: “Ele que devolva o poder agora”.

Os protestos acontecem também depois da ameaça feita pelo Procurador-geral da Venezuela, Tareck William Saab. "Podem ser detidos" os cidadãos que venham a ser acusados de violência ou que recusem os resultados anunciados pelo CNE que deram a vitória de Nicolás Maduro.

"Alertamos para o facto de os atos de violência e os apelos poderem ser enquadrados como crimes de incitamento público. Com uma pena de três a seis anos de prisão", afirmou o Procurador-geral num discurso transmitido pelas televisões.

Bruxelas apela à calma e insta as forças de segurança a garantirem o pleno respeito pelos direitos humanos, incluindo o direito a uma reunião pacífica.

A União Europeia assegura que vai continuar os esforços políticos e diplomáticos para apoiar o diálogo e uma solução pacífica e negociada para a crise política.

A Venezuela anunciou a expulsão dos diplomatas de sete países da América Latina, de protestos anti-Maduro que se concentram sobretudo nas embaixadas da Venezuela. Alguns países também têm duvidado da fiabilidade dos resultados eleitorais anunciados.
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