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Destruição em Espanha. Inundações fazem dezenas de mortos em Valência

por RTP
Natxo Frances - EPA

Pelo menos 62 pessoas morreram em consequência das inundações repentinas que varreram a região leste espanhola de Valência. Chuvas torrenciais, na última noite, deixaram estradas e cidades submersas.

Provisoriamente, o número de vítimas mortais ascende a 62 pessoas. "O processo de levantamento e identificação das vítimas está a começar”, adiantou o Centro Integrado de Coordenação Operacional do Governo espanhol. O número de vítimas tem vindo a crescer durante a manhã e as autoridades frisam que a contagem pode estar longe de terminada.

Para além de Valência, também a comunidade de Castilla-La Mancha foi bastante afetada pelas chuvas torrenciais. Há pelo menos seis desaparecidos na localidade de Letur, em Albacete.

Segundo o serviço de emergências da Comunidade Valenciana, cerca de 200 pessoas foram resgatadas durante a madrugada de diversos locais, mas as equipas de proteção civil e de militares que estão no terreno continuam sem acesso a várias zonas afetadas, por haver vias inundadas e destruídas ou infraestruturas afetadas.

Imagens divulgadas pelas televisões e nas redes sociais mostram aldeias, estradas, ruas e campos inundados, carros arrastados pelas águas e presos em autoestradas. Várias pessoas passaram a noite em telhados ou árvores à espera de resgate.


Carlos Mazon, o líder regional de Valência, disse em conferência de imprensa que algumas pessoas permaneceram isoladas em locais inacessíveis.

"Se (os serviços de emergência) não chegaram, não é por falta de meios ou predisposição, mas por um problema de acesso", disse Mazon, explicando que chegar a certas áreas era "absolutamente impossível".

“Há corpos sem vida em alguns dos pontos aos quais conseguimos aceder”, disse.
"Um fenómeno sem precedentes"
A agência meteorológica estatal da Espanha, AEMET, declarou alerta vermelho em Valência e o segundo nível mais elevado de alerta em partes da Andaluzia, avisando que as chuvas fortes podem continuar até quinta-feira. Na última noite, a precipitação na região de Valência foi a mais elevada em 24 horas desde 11 de setembro de 1966, de acordo com dados oficiais. 

A ministra da Defesa de Espanha, Margarita Robles, disse que a região de Valência viveu nas últimas horas "um fenómeno sem precedentes".
"A chuva repentina que atingiu a região de Valência ontem à noite descarregou até 450 mm de água no espaço de apenas 4-5 horas. É realmente um evento muito extremo. Basicamente, em quatro horas caiu a quantidade de chuva que costuma cair nessas áreas em um ano e meio", escreveu Marco M. M., meteorologista e especialista em alterações climáticas, na rede social X.


Os serviços de emergência da região pediram aos cidadãos que evitassem qualquer tipo de viagem e seguissem as atualizações de fontes oficiais.

Os comboios para as cidades de Madrid e Barcelona foram cancelados devido às enchentes e escolas e outros serviços essenciais foram suspensos nas áreas mais atingidas. Dezenas de voos foram também desviados ou cancelados.

O Governo de Espanha criou também uma comissão de crise para acompanhar os efeitos da tempestade na costa mediterrânica e mais de mil militares de uma unidade especial de emergência foram enviados para o terreno.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, manifestou pesar pelas vítimas das chuvas intensas e manifestou disponibilidade para dar “toda a ajuda necessária” ao país vizinho.

"O Governo português expressa o maior pesar pelo elevado número de vítimas das inundações registados em Espanha, mostra solidariedade a todo o povo espanhol e disponibiliza-se para toda a ajuda necessária", lê-se numa mensagem publicada na rede social X.

Marcelo Rebelo de Sousa também enviou uma mensagem ao Rei Felipe de Espanha “exprimindo solidariedade e condolências pelas dramáticas inundações na zona de Valência que provocaram dezenas de mortos e muitos feridos”, lê-se numa nota publicada na página oficial da Presidência da República.

No outono, a região de Valência e a costa mediterrânica espanhola são alvo de um fenómeno meteorológico conhecido como "gota fria" ou DANA, uma depressão que provoca chuvas repentinas e extremamente violentas, por vezes durante vários dias.

Cientistas dizem, no entanto, que os eventos meteorológicos extremos na região, como vagas de calor e tempestades, estão a tornar-se mais frequentes devido às alterações climáticas.

c/ agências
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