Destruição de florestas tropicais disparou em 2022 apesar das promessas da COP26

por RTP
A perda registada é equivalente a um campo de futebol de árvores tropicais derrubadas ou queimadas a cada cinco segundos em 2022 Ueslei Marcelino - Reuters

O mundo perdeu uma área de floresta tropical equivalente ao território da Suíça o ano passado, segundo dados do World Resources Institute (WRI). Os números mostram que estamos muito longe de cumprir o compromisso assumido na COP26 de acabar com a desflorestação até 2030.

De acordo com o relatório do Global Forest Watch (GFW), apoiado pela organização sem fins lucrativos World Resources Institute (WRI), em 2022 foram destruídos mais de 4,1 milhões de hectares de florestas primárias tropicais, o equivalente ao tamanho da Suíça ou dos Países Baixos.

A perda registada é equivalente a um campo de futebol de árvores tropicais derrubadas ou queimadas a cada cinco segundos em 2022, representando mais dez por cento de área destruída do que em 2021.
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Os números são alarmantes e mostram que o mundo está longe de cumprir a promessa assumida na COP26, em 2021, de suspender e reverter a desflorestação até 2030.
Este compromisso foi subscrito por mais de 100 líderes mundiais, incluindo Joe Biden, Xi Jinping e Jair Bolsonaro.

“Os números de 2022 são particularmente desanimadores”, disse Francis Seymour, funcionário do WRI, citado pela agência Reuters. “Por esta altura, esperávamos ver um sinal nos números de que estávamos a diminuir a destruição de florestas", acrescentou. A análise do GWF concluiu que a desflorestação em 2022 foi dez mil quilómetros quadrados superior ao que seria necessário para acabar com a destruição de florestas até 2030.

"Estamos muito fora do caminho e a seguir a direção errada"
, disse Rod Taylor, diretor do programa florestal global do WRI.
País mais afetado é o Brasil
A Indonésia e a Malásia foram os únicos países que conseguiram manter a redução dos níveis de desflorestação.

Por outro lado, o Brasil lidera a tabela de destruição de florestas primárias tropicais em 2022, com uma área destruída que representa 43 por cento das perdas globais. Os números dizem respeito ao último ano de Jair Bolsonaro no Governo, sendo que os seus quatro anos de mandato corresponderam a 40% de todas as perdas florestais do Brasil.

A seguir ao Brasil está a República Democrática do Congo (13 por cento) e a Bolívia (nove por cento). No top dez do ranking de 2022 estão também o Peru (3,9 por cento), Colômbia (3,1 por cento), Laos (2,3), Camarões (1,9), Papua Nova Guiné (1,8) e Malásia (1,7).

As florestas primárias tropicais são um importante trunfo contra as alterações climáticas porque absorvem grandes quantidades de dióxido de carbono, sendo cruciais para a biodiversidade. Cientistas alertam também que limitar o aquecimento global a 1,5°C é pouco provável sem o fim da destruição de florestas tropicais.

Segundo o relatório da GFW, a desflorestação nos trópicos o ano passado libertou cerca de 2,7 gigatoneladas de dióxido de carbono, o equivalente às emissões anuais de combustíveis fósseis da Índia.

“As florestas são essenciais para o nosso bem-estar e o bem-estar do planeta Terra. Acabar com a desflorestação e interromper a perda de cobertura florestal são ingredientes essenciais para acelerar a ação climática, construir resiliência e reduzir perdas e danos”, disse Inger Andersen, diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), ao jornal The Guardian.

“A proteção florestal e a restauração florestal são muito mais do que um preço de carbono. Trata-se de proteger a biodiversidade, proteger os meios de subsistência de povos indígenas e comunidades locais e sustentar o ciclo hidrológico para estabilizar os padrões climáticos e proteger-nos contra deslizamentos de terra, erosão do solo e inundações. Simplesmente não podemos dar-nos ao luxo de perder mais cobertura florestal”, sublinhou.
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