Desminagem do Mar Negro. Portugal só participaria "no quadro de uma missão muito bem definida", diz Gomes Cravinho
António Pedro Santos - Lusa
O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou esta quarta-feira, na Ucrânia, que Portugal está aberto a trabalhar com aliados numa estratégia para assegurar "a liberdade de circulação no Mar Negro". Quanto à eventual desminagem desse mar, João Gomes Cravinho confirmou que Portugal tem "alguns meios", mas que só poderia atuar no quadro de uma missão "muito bem definida".
“O Mar Negro precisará, de facto, de ser desminado. Nós vimos como a Rússia saiu do acordo para o escoamento de cereais do Mar Negro, basicamente por razões de interesse próprio”, relembrou o governante, no final da cimeira da Crimeia, na qual Marcelo Rebelo de Sousa também participou.
“Portugal tem alguns meios mas, naturalmente, só participaria no quadro de uma missão muito bem definida, com a devida autoridade por parte das Nações Unidas, por parte da NATO”, acrescentou.
João Gomes Cravinho disse, porém, que o país está “aberto a trabalhar com aliados, com outros parceiros, com a própria Ucrânia para identificar como é que se poderia desenvolver uma missão que assegurasse a liberdade de circulação no Mar Negro”.
“Anexações ilegais” não serão reconhecidas
No final da cimeira da Crimeia, o ministro português disse ter saído do encontro “uma declaração forte que sublinha que todos os signatários, todos os países que participam não reconhecerão a anexação da Crimeia nem as outras anexações ilegais levadas a cabo pela Rússia através de atos eleitorais sem qualquer tipo de credibilidade”.
Sai também a mensagem de que serão aplicadas sanções e que “isso irá até ao fim, até à retirada da Rússia desses territórios ilegalmente anexados”, acrescentou Gomes Cravinho.
“Hoje em dia toda a gente compreende que a anexação da Crimeia foi um prenúncio de algo ainda mais violento e agressivo, que é a invasão de toda a Ucrânia”, disse.
“Toda a gente percebeu que isto faz parte de um padrão, e não – ao contrário daquilo que alguns imaginavam – que a anexação poderia servir como uma forma de apaziguar a Rússia, dar alguma coisa à Rússia para que fique satisfeita”.
Para os participantes na cimeira, “só há uma resposta possível, que é apoiar a plena integridade territorial da Ucrânia, incluindo a Crimeia”.