Descoberto aminoácido nos espargos que propaga o cancro da mama

por Inês Geraldo - RTP
Reuters

A descoberta foi realizada por um grupo de cientistas do Reino Unido, Estados Unidos e Canadá e explica que a asparagina, aminoácido presente nos espargos ajuda a disseminar células cancerosas. Um estudo publicado na revista científica Nature mostrou que os tumores do cancro da mama têm dificuldades em dispersar quando não estão associados ao componente que também se encontra em carnes vegetais, produtos lácteos e marisco.

Espera-se que, no futuro, sejam aproveitadas estas informações para ajudar pacientes que têm cancro da mama a adaptar a dieta para que a doença não seja propagada para outras partes do corpo. A asparagina é um aminoácido, um bloco de proteína, que se encontra nos espargos.

O estudo teve lugar no Centro de Pesquisa do Cancro de Cambridge e foi conduzido em ratos com uma forma agressiva de cancro da mama. Os produtos do estudo levavam duas semanas até morrer mas descobriu-se que havendo uma dieta pobre em asparagina, os tumores do cancro da mama demoravam a propagar.

O Professor Greg Hannon revelou que se trata de uma grande descoberta. “Foi uma grande mudança, [os tumores] eram mais difíceis de encontrar”, declarou. No ano passado, a Universidade de Glasgow chegou à conclusão que ao eliminar aminoácidos como a serina e a glicina havia menor probabilidade de haver desenvolvimento de linfomas e cancro intestinal.

“Estamos a arrecadar cada vez mais provas que mostram que cancros específicos são viciados em certos componentes da nossa dieta. No futuro, ao modificar a dieta dos pacientes ou ao usar medicação que bloqueie o acesso dos tumores aos nutrientes esperamos melhorar os resultados da terapia”, continuou Hannon.
Influência em tumores secundários
Quando surge um primeiro tumor cancerígeno o mesmo é raramente fatal. O maior perigo surge quando existe a propagação de metástases, o que acontece quando as células cancerosas abandonam o tumor primário e sobrevivem na circulação sanguínea, espalhando-se para outros órgãos.

É neste processo que os cientistas acreditam que a asparagina tem maior relevância, sendo que se acredita que a redução do consumo deste aminoácido não previne o aparecimento dos tumores primários.

Apesar da descoberta, os testes só foram realizados em ratos pelo que é necessário confirmar a conclusão. A longo prazo, os cientistas avisam que os pacientes com cancro poderão tomar bebidas nutricionalmente equilibradas, sem asparagina.

E é pedido aos pacientes que não entrem em dietas drásticas que cortam a asparagina. “Não recomendamos que os pacientes excluam totalmente nenhum grupo de comida da sua dieta sem falar com médicos”.
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