Polícia e manifestantes envolveram-se este domingo em violentos confrontos no coração de Atenas, à margem de uma ação de homenagem às 57 vítimas mortais da colisão ferroviária da passada terça-feira. Perto de 12 mil pessoas estiveram na Praça Syntagma, diante do Parlamento grego, empunhando cartazes com palavras de ordem como “abaixo os governos assassinos”, ou “não foi erro humano”.
Na Praça Syntagma, os manifestantes libertaram centenas de balões negros, numa homenagem às vítimas do choque frontal entre o comboio que fazia a ligação entre Atenas e Tessalónica e uma composição de transporte de mercadorias, ocorrido na noite de terça-feira. Muitas das vítimas eram estudantes universitários que regressavam a Tessalónica depois de um fim de semana prolongado.A manifestação deste domingo em Atenas foi a quarta desde o desastre. Degenerou em confrontos com as forças de segurança. Os manifestantes lançaram cocktails Molotov, ao que a polícia respondeu com gás lacrimogéneo e granadas atordoantes.
Durante a manhã, antes de uma cerimónia religiosa na catedral ortodoxa de Atenas, o primeiro-ministro grego pediu perdão às famílias das vítimas. “Enquanto primeiro-ministro, devo a todos, mas sobretudo aos próximos das vítimas, pedir perdão”, escreveu o conservador Kyriakos Mitsotakis no Facebook.
“Na Grécia de 2023, não é possível que dois comboios circulem em sentido contrário numa mesma linha e que ninguém se aperceba. Não podemos, não queremos e não devemos esconder-nos atrás do erro humano”, acrescentou o governante.
“Assassinos”
Segundo a comunicação social grega, o chefe da estação teria escassa experiência profissional, tendo recebido uma breve formação antes de assumir o lugar.
Fonte judicial, citada pela agência France Presse, adiantou que o inquérito em curso tem também por objetivo prosseguir “ações, se necessário, conta membros da direção da empresa” Hellenic Train.O desastre da semana passada foi o terceiro mais grave dos últimos 25 anos na Europa. Em 1991, um descarrilamento na Alemanha fez 101 mortos; em 2013, em Espanha, um outro desastre matou 80 pessoas.
Na sexta-feira, foi pintada a vermelho a palavra “assassinos” na sede da empresa ferroviária grega em Atenas. A Hellenic Train procurou defender-se na noite de sábado, alegando que “esteve presente desde os primeiros instantes” no local da colisão e assinalando que montou “um centro telefónico” para “fornecer informações”.
A empresa foi adquirida em 2017 pelo grupo estatal italiano Ferrovie Dello Stato Italiane, no âmbito do pacote de privatizações imposto pela troika ao Estado helénico durante a crise económico-financeira, entre 2009 e 2018.
c/ agências
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