As demolições de edifícios num bairro de Jerusalém Oriental, considerado particularmente uma ameaça por Israel pela proximidade de locais religiosos, estão a gerar indignação contra as autoridades israelitas.
"Estão a tentar deitar-nos abaixo", frisou à agência France-Presse (AFP) Fakhri Abou Diab, uma figura em al-Bustan, uma parte do bairro de Silwan onde a polícia israelita destruiu no dia anterior um centro cultural e uma tenda onde decorriam manifestações contra a ameaça de demolição.
"Foi daqui que partiram as mensagens enviadas para a nossa comunidade e para o mundo, querem cortar a cabeça" ao movimento, acrescentou Diab, cuja casa foi destruída.
Após a destruição de sete casas em Silwan já na semana passada, cerca de trinta pessoas ficaram sem casa, noticiou esta sexta-feira a AFP.
As diplomacias de vários países e organizações não-governamentais (ONG) reagiram a esta destruição em Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel desde 1967.
O bairro visado, al-Bustan (o jardim, em árabe), faz parte de Silwan, um subúrbio de Jerusalém Oriental, perto da Cidade Velha onde se concentram vários locais sagrados cristãos, judeus e muçulmanos, numa zona onde a colonização israelita intensificou-se nos últimos anos.
"Esta área tem estado sob pressão concertada do Estado e dos colonos durante anos devido às propriedades históricas que contém e à sua proximidade com o Haram al-Sharif/Monte do Templo e a Cidade Velha", realçou a ONG israelita anti-colonização Ir Amim .
A Câmara Municipal de Jerusalém citou decisões judiciais que exigem a demolição dos edifícios, devido às leis de zonamento que os tornam ilegais.
As autoridades israelitas classificaram parte de Silwan como área protegida, explicando que a sua intenção era criar um parque turístico e religioso no local.
A ONG Ir Amim sustentou que o verdadeiro objetivo das demolições é ligar áreas com colonos israelitas em bairros palestinianos a Jerusalém Ocidental.