Depois das opiniões expressas no fim de semana por Donald Trump, no Twitter, as quatro mulheres congressistas visadas pelos comentários do Presidente dos Estados Unidos acusam-no de seguir a “agenda de nacionalistas brancos”.
Donald Trump escreveu no Twitter que as “congressistas democratas progressivas” deviam “voltar e ajudar a consertar os lugares totalmente desfeitos e infestados de crime” de onde vieram.
So interesting to see “Progressive” Democrat Congresswomen, who originally came from countries whose governments are a complete and total catastrophe, the worst, most corrupt and inept anywhere in the world (if they even have a functioning government at all), now loudly......
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 14 de julho de 2019
Das quatro democratas visadas pelo Presidente norte-americano, todas são consideradas “não-brancas”. Mas apenas Ilhan Omar, do Minnesota, não nasceu nos EUA.
Omar, Alexandria Ocasio-Cortez, de Nova Iorque, Rashida Tlaib, do Michigan, e Ayanna Pressley, do Massachusetts, pertencem ao Partido Democrático e, presumivelmente, os comentários de Trump surgiram depois de um desentendimento entre as congressistas e a presidente da Câmara dos Representes, Nancy Pelosi, também democrata.
Manobra de distração e “falta de políticas”
Na conferência de imprensa conjunta, as quatro legisladoras disseram que os ataques não dividiriam os democratas e que, na verdade, eram apenas uma distração para a “falta de políticas” da Trump.
As congressistas classificaram as declarações do Presidente como um ataque “descaradamente racista” e uma tentativa de distração para esconder as práticas corruptas e desumanas da Administração Trump, defendendo mesmo a destituição, por via de um processo de impeachment.
"É uma distração disruptiva das questões de cuidado, preocupação e consequência para o povo americano que nos elegeu para cá com um mandato decisivo para trabalhar", disse Pressley, a primeira mulher negra eleita pelo Massachusetts para o Congresso.
“Não nos vão calar. Convido os americanos (...) a não morder o anzol", acrescentou, para insistir na ideia de que as palavras do Presidente não passam de "uma distração" para desviar a atenção "dos problemas que afetam os cidadãos americanos".
"Esta é a agenda dos nacionalistas brancos, tanto acontece em salas de chat como na televisão nacional, e agora chegou ao jardim da Casa Branca", disse Omar, referindo que este é um “momento crucial no país", com os "olhos da história" a assistir.
Quanto aos comentários e opiniões expressas por Trump sobre as mulheres, as pessoas de cor “não-branca” e as nações africanas, Ilhan Omar disse que o Presidente “violou abertamente o juramento que fez”, ao permitir “abusos dos Direitos Humanos” na fronteira como o México e ao envolver-se com a Rússia durante as eleições presidenciais de 2016.
"É hora de pararmos de permitir que este presidente brinque com a nossa Constituição. (…) É hora de denunciar este presidente", concluiu.
A melhor defesa é o ataque
Alexandria Ocasio-Cortez, por sua vez, não ficou “supreendida” com os comentários de Donald Trump, dizendo que este “não sabe defender as suas políticas” e, por isso, ataca “pessoalmente”.
Descendente de iranianos e nascida em Detroit, Rashida Tlaib pediu um impeachment ao Presidente por “total desrespeito pela Constituição dos Estados Unidos”.
"Infelizmente, não é a primeira nem será a última vez que ouvimos a linguagem repugnante e preconceituosa do Presidente", disse Tlaib. "Nós sabemos que é isto que ele é”.
The Dems were trying to distance themselves from the four “progressives,” but now they are forced to embrace them. That means they are endorsing Socialism, hate of Israel and the USA! Not good for the Democrats!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 15 de julho de 2019
Ainda durante a conferência das quatro democratas, na segunda-feira, Donald Trump continuava a comentar ativamente no Twitter, sugerindo que os democratas sentiam-se na obrigação de “abraçar” as quatro congressistas e que estavam a “endossar o socialismo, o ódio a Israel e aos EUA”.