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Decisão sobre guerra total de Israel contra Hezbollah dada como iminente

por Cristina Sambado - RTP

O ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, afirma que a decisão sobre uma guerra total contra o Hezbollah está para breve, depois de o exército ter anunciado, na passada terça-feira, que tinha aprovado os planos operacionais para uma "ofensiva no Líbano".

Após as ameaças do líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, de danificar os portos de Haifa, que são explorados por empresas chinesas e indianas, Katz escreveu numa publicação na rede social X: "Estamos a chegar muito perto do momento de decidir mudar as regras do jogo contra o Hezbollah e o Líbano".


"Numa guerra total, o Hezbollah será destruído e o Líbano será severamente derrotado", acrescentou.

Katz frisou ainda que Israel pagará um preço elevado, mas o país está unido e deve restaurar a segurança dos habitantes do norte.

Os comentários de Katz foram feitos depois de o exército israelita ter revelado que tinha aprovado os planos de batalha no Líbano. As Forças de Defesa de Israel (IDF) acrescentaram que altas patentes tinham realizado uma avaliação, durante a qual "foram aprovados os planos operacionais para uma ofensiva no Líbano", incluindo "acelerar a prontidão das forças no terreno".

E horas depois de o Hezbollah ter publicado um vídeo de mais de nove minutos com imagens recolhidas por um drone de vários locais de vigilância em Israel, incluindo os portos marítimo e aéreo da cidade de Haifa. Haifa fica a 27 km da fronteira com o Líbano.

O presidente da câmara de Haifa, Yona Yahav, afirmou que o vídeo do Hezbollah era "terror psicológico para os residentes de Haifa e do norte".

A divulgação das imagens foi amplamente interpretada como uma ameaça velada contra Haifa e ocorre numa altura em que prosseguem os contactos transfronteiriços entre as duas partes.
A troca de tiros na fronteira norte de Israel com o Líbano é quase diária desde o ataque contra Israel, a 7 de outubro, do movimento islamita Hamas, aliado do Hezbollah libanês, que desencadeou a guerra no território palestiniano.

O movimento armado libanês assinalou a distribuição das imagens, nomeadamente no seu canal Telegram, aconselhando os telespectadores de vários canais a "ver e analisar" o que disse serem "cenas importantes".

A decisão de difundir as imagens, que mostravam locais residenciais e militares em Haifa e arredores, incluindo instalações portuárias, parecia destinar-se tanto a um público israelita como a um público internacional mais vasto.

Nasrallah afirmou, em novembro, que tinha enviado drones de vigilância sobre Haifa. O Hezbollah afirma que não suspenderá os ataques se não houver um cessar-fogo na Faixa de Gaza.

As imagens parecem sublinhar as dificuldades crescentes com que Israel se tem deparado para lidar com a ameaça dos drones do Hezbollah, incluindo vários incidentes em que os veículos aéreos não tripulados não foram detetados pelos sistemas de defesa aérea israelitas, incluindo um recente ataque a um grupo de tropas israelitas que matou uma pessoa.

Segundo o Guardian, os especialistas avaliaram que o Hezbollah está a utilizar uma combinação de tácitas para evitar que os seus drones sejam detetados, incluindo voar a baixa altitude e usar vários canais para evitar a tecnologia de interferência.

Apesar de cerca de 150 seus drones terem sido intercetados, outros conseguiram atingir os seus alvos, e as autoridades israelitas revelaram que começaram a gastar milhões de shekels para combater a ameaça dos aeronaves aéreos não tripulados .

Entre os melhoramentos planeados para os sistemas de defesa aérea de Israel estão as atualizações do sistema Iron Dome para o tornar mais bem equipado para lidar com drones que voam mais lentamente e a reintrodução de armas antiaéreas convencionais retiradas de serviço, incluindo o sistema Vulcan.França e EUA procuram solução para parar hostilidades
Os Estados Unidos e a França estão a desenvolver esforços diplomáticos para garantir o fim das hostilidades ao longo da fronteira do Líbano.

A divulgação das imagens parece ter sido programada para coincidir com a visita do enviado dos EUA ao Líbano, Amos Hochstein, que na véspera se encontrou com altos funcionários israelitas, incluindo o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.

Em Beirute, Hochstein apelou a um desanuviamento "urgente" das trocas de tiros transfronteiriças entre o Hezbollah e as forças israelitas, que se verificam desde o início da guerra de Gaza.
"O conflito (...) entre Israel e o Hezbollah já durou tempo suficiente", afirmou o enviado presidencial. "É do interesse de todos resolvê-lo rápida e diplomaticamente, o que é possível e urgente".
Hochstein instou o Hamas a aceitar uma proposta apoiada pelos EUA para um cessar-fogo em Gaza, que, considera, "também oferece uma oportunidade para acabar com o conflito através da Linha Azul", uma referência à linha de demarcação entre o Líbano e Israel, onde partes da fronteira internacional são disputadas.

Apesar da visita de Hochstein à região, parece ter havido poucos indícios de um avanço nos esforços para reduzir a tensão na fronteira entre Israel e o Líbano.

Segundo Hochstein, “os Estados Unidos querem evitar uma guerra em grande escala".
"Assistimos a uma escalada nas últimas semanas. E o que o presidente Biden quer fazer é evitar uma nova escalada para uma guerra maior", acrescentou Hochstein.
Hostilidades aumentaram na terça-feira
O aumento dos ataques na semana passada foi seguido de uma breve trégua durante o feriado muçulmano Eid al-Adha, que terminou na terça-feira.
O Hezbollah usou o vasto arsenal contra Israel na passada semana, o que levou os responsáveis das Nações Unidas no Líbano a advertir, durante o fim de semana, que o "perigo de um erro de cálculo que conduza a um conflito súbito e mais alargado é muito real".
Os meios de comunicação social estatais libaneses noticiaram um ataque de um drone israelita a um carro na autoestrada a norte da cidade costeira de Tiro. Não ficou imediatamente claro quem estava no carro ou quantas pessoas foram mortas ou feridas.

Na semana passada, o Hezbollah lançou centenas de drones e foguetes, incluindo mais de 200 num único dia, e o exército israelita atacou alvos do Hezbollah em resposta.

c/ agências
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