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Debate final em Espanha. Esquerda unida derrubou direita enfraquecida por falta de comparência de Feijóo

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Violeta Santos Moura - Reuters

Pedro Sánchez (PSOE), Yolanda Díaz (Sumar) e Santiago Abascal (VOX) foram os três candidatos à presidência do governo de Espanha que marcaram presença, esta quarta-feira à noite, no último debate televisivo antes das eleições do próximo domingo. Ausente esteve Alberto Feijóo (PP), que não aceitou participar e acabou “colado” à extrema-direita, pelos adversários. Sánchez e Díaz unidos afirmaram a intenção de continuar a governar juntos para não retroceder em direitos e liberdades.

A quatro dias das eleições legislativas de domingo realizou-se esta quarta-feira à noite, nos estúdios do canal público espanhol RTVE, em Madrid, o último debate televisivo da campanha. Apenas três dos candidatos participaram no debate, após o líder do partido conservador Alberto Feijóo (PP) ter recusado participar, alegando não confiar na “neutralidade” do canal público espanhol.

Porém, a ausência do candidato esteve sempre presente ao longo do debate, tanto através das afirmações de Yolanda Díaz, que considerou que o líder do Partido Popular (PP) estava “representado” pelo líder da extrema-direita - “o senhor Feijóo hoje aqui representado pelo senhor Abascal” -, como pelas críticas de Pedro Sánchez, que acusou o líder da oposição de não comparecer por “ter vergonha de aparecer ao lado do aliado Abascal” e não querer encarar o candidato da extrema-direita.
“Não podem ganhar aqueles que se escondem”, acrescentou o líder socialista em declarações no final do debate.
Com uma duração de 90 minutos, o debate dividiu-se em três blocos principais de 24 minutos cada: entre economia, políticas sociais e pactos de Estado e pós-eleitorais.
No final, Sánchez, Díaz e Abascal tiveram um "minuto de ouro" para se dirigirem aos eleitores e apelarem ao voto. Ao longo dos três blocos, em que foram destacados o Emprego, a Fiscalidade e a Europa, no bloco económico e a Educação, a Saúde e a Igualdade, no bloco das Políticas Sociais, opiniões muito distintas entre os candidatos de esquerda e extrema-esquerda e o candidato de extrema-direita marcaram o debate.A ordem de intervenção de cada candidato e as respectivas posições no plateau foram estabelecidas por sorteio. Já a cronometragem dos tempos de intervenção ficou a cargo de árbitros desportivos profissionais.

O discurso de Pedro Sánchez e Yolanda Díaz, que estiveram cúmplices e alinhados, pouco divergiu durante o debate, na tentativa de mobilizar os votos que lhes permita formar um governo progressista de esquerda. A líder da plataforma de esquerdas Sumar garantiu que iria “governar com Pedro Sánchez para avançar em direitos”, considerando que uma vitória do PP/VOX seria um retrocesso em direitos e liberdades de décadas, de “dez anos nos direitos de trabalhadores, 20 anos nos direitos LGBTI, 40 anos nos direitos das mulheres e em 60 anos na censura da cultura”, defendeu o líder do governo espanhol.

Ao longo do debate Santiago Abascal afastou-se da esquerda, de quem afirmou estar em “profundo desacordo”, mas também da direita do Partido Popular (PP), criticando o bipartidarismo: “Durante os últimos 40 anos, os velhos partidos, PP e PSOE, tomaram decisões transcendentais de costas para os espanhóis”.
Ana Romeu, correspondente da RTP em Madrid

No seu último minuto, o líder do Vox apelou ao voto no seu partido por ser o único “que se atreve a fazer a mudança de rumo necessária para proteger a indústria, o campo, as fronteiras, a liberdade e os interesses de todos os espanhóis”.

Neste debate considerado decisivo, os eleitores, sobretudo os indecisos, tiveram uma oportunidade para ouvir os desafios, as ideias e as propostas que os três partidos - PSOE, Sumar e Vox - propõem para a próxima legislatura e refletir em quem vão depositar a sua confiança.

Apesar de a maioria das sondagens apontar o Partido Popular (PP), liderado por Alberto Feijóo, como o vencedor, o Partido Socialista (PSOE) e o Sumar estão em ascensão nas intenções de voto e Pedro Sánchez e Yolanda Díaz estão confiantes numa reviravolta que garanta a continuidade de um governo de esquerda.
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