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Debandada do X. Bluesky ganhou um milhão de novos utilizadores desde as eleições nos EUA

por Joana Raposo Santos - RTP
Já quando Elon Musk adquiriu o Twitter e o transformou em X, milhões de utilizadores abandonaram a plataforma. Foto: Rachel Wisniewski - Reuters

Os críticos de Donald Trump não ficaram contentes com a sua vitória nas presidenciais norte-americanas de 5 de novembro. Mas ficaram ainda menos satisfeitos quando, esta semana, o presidente eleito anunciou o nome de Elon Musk para coliderar o novo Departamento de Eficiência Governamental. Em resposta, acentuou-se a debandada da rede social X (antigo Twitter), da qual o multimilionário é dono. A alternativa está a ser o Bluesky, que entretanto já somou mais de um milhão de novos utilizadores.

Dizem fugir à desinformação e a publicações ofensivas que invadem o X. A nova onda de utilizadores do Bluesky encontra-se, maioritariamente, na América do Norte e no Reino Unido, e desde setembro fez com que esta rede social saltasse de nove milhões para 15 milhões de membros.

“Tornou-se um refúgio para as pessoas que querem ter o tipo de experiência social que o Twitter costumava oferecer, mas sem todo o ativismo de extrema-direita, a desinformação, o discurso de ódio, os bots e tudo o resto”, explicou ao Guardian o investigador Axel Bruns.

Segundo este especialista, o Bluesky possui um sistema mais eficaz do que o X para bloquear ou suspender contas problemáticas e policiar comportamentos nocivos. “A comunidade mais liberal do Twitter fugiu de lá e parece ter-se mudado em massa para o Bluesky”, afirmou.

Esta rede social, criada em 2019 como um projeto financiado pelo Twitter, tornou-se independente em 2022 e é agora detida pelo seu diretor-executivo, Jay Graber.

Já há dois anos, quando Elon Musk adquiriu o Twitter e o transformou em X, demitindo cerca de metade dos funcionários, milhões de utilizadores abandonaram a plataforma. Nos sete meses seguintes, a utilização nos Estados Unidos caiu mais de um quinto. “Estamos entusiasmados por receber todas estas novas pessoas, que vão desde swifties (fãs da artista Taylor Swift) a pugilistas a arquitetos urbanos”, disse a porta-voz do Bluesky, Emily Liu.

Agora, a decisão de Donald Trump de nomear o multimilionário Elon Musk para coliderar o novo Departamento de Eficiência Governamental - que, ao contrário do que o nome indica, funcionará fora dos limites da Administração - deixou os seus críticos ainda mais descontentes.

O objetivo do presidente eleito é abrir caminho para que a sua Administração "desmantele a burocracia governamental, reduza o excesso de regulamentos, corte nas despesas supérfluas e reestruture as agências federais".

Ruth Ben-Ghiat, professora da Universidade de Nova Iorque, disse ao Guardian que pondera também sair da rede social, já que "depois de janeiro, quando o X puder vir a ser propriedade de um membro de facto da Administração Trump, as suas funções como meio de propaganda de Trump e máquina de radicalização de extrema-direita poderão ser aceleradas”.

Na segunda-feira, a congressista democrata Alexandria Ocasio-Cortez fez uma publicação no Bluesky onde dizia estar “de volta” a essa rede social. “Meu Deus, como é bom estar num espaço digital com outros seres humanos reais”, escreveu, recebendo dezenas de milhares de “gostos”.
The Guardian e La Vanguardia deixam X
Na quarta-feira, o jornal britânico The Guardian anunciou a decisão de deixar de publicar as suas notícias no X por acreditar que os benefícios de estar nessa rede social “são agora ultrapassados em larga escala pelos pontos negativos”.

“Os nossos recursos podem ser melhor utilizados a promover o nosso jornalismo noutros sítios”, escreveu o diário numa nota no seu site.

“Isto é algo que temos vindo a considerar há algum tempo, dado o conteúdo frequentemente perturbador promovido ou encontrado na plataforma, incluindo teorias da conspiração de extrema-direita e racismo”, continuou.

O Guardian acredita ainda que “a campanha para as eleições presidenciais nos EUA serviu apenas para sublinhar o que pensamos há muito tempo: que o X é uma plataforma mediática tóxica e que o seu proprietário, Elon Musk, tem conseguido utilizar a sua influência para moldar o discurso político”.

Esta quinta-feira, o jornal espanhol La Vanguardia seguiu os passos da publicação britânica, considerando que o X se tornou “uma plataforma onde as teorias da conspiração e a desinformação encontram uma caixa de ressonância”.

Para além do Bluesky, Também a rede social Threads, lançada no ano passado pela Meta como alternativa ao Twitter, cresceu significativamente nos últimos meses, passando de 200 milhões de utilizadores em agosto para 275 milhões em novembro.
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