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De Lisboa a Bruxelas. As reações à eleição de António Costa para o Conselho Europeu

por RTP
António Costa será o primeiro português e o primeiro socialista à frente do Conselho Europeu. Foto: Paulo Cunha - Lusa

Multiplicam-se as reações à mais recente decisão de Bruxelas: o ex-primeiro-ministro português António Costa foi eleito pelos chefes de Estado e de Governo da União Europeia como presidente do Conselho Europeu, num mandato que durará dois anos e meio. O presidente da República, o primeiro-ministro e várias figuras europeias vieram já aplaudir a decisão. O pacto para os cargos de topo da UE não contou, porém, com o apoio da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.

“O presidente da República saúda as decisões de hoje do Conselho Europeu que, na sequência das eleições europeias de 9 de junho, abrem caminho à continuidade do regular funcionamento das instituições europeias, a bem do nosso projeto comum de construção de um futuro em conjunto, em paz e em bem-estar social”, lê-se numa nota da Presidência.

Marcelo Rebelo de Sousa quis sublinhar, em particular, a decisão do Conselho Europeu de eleger António Costa para seu próximo presidente, “uma magnífica decisão para a Europa e também para Portugal”.

“O compromisso pessoal e o trabalho já demonstrado de António Costa para com a construção europeia e no que representa de solidariedade e progresso é uma garantia de que o Conselho Europeu ficará em boas mãos, pelo que o presidente da República lhe apresenta os votos de parabéns e de felicidades nas futuras funções, a bem de todos nós”, acrescenta a nota.

Já esta sexta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa declarou que António Costa “conseguiu em muitos casos coser entendimentos entre países que tinham à partida posições muito diferentes e, nesse sentido, é muito bom para a Europa”.

“A Europa precisa, primeiro, de se manter unida em relação à Ucrânia. Segundo, de recuperar economicamente. Terceiro, de aprovar agora as perspetivas financeiras para os próximos anos. Quarto, de acompanhar a execução dos PRR”, assim como de “tratar das relações com o mundo”, enumerou o presidente, considerando Costa “a solução ideal”.
Um dia “feliz”, diz Montenegro
Também o primeiro-ministro Luís Montenegro reagiu ao anúncio da eleição de António Costa como presidente do Conselho Europeu, deixando uma "palavra de regozijo e satisfação, em nome do Governo de Portugal e de todos os portugueses".

"Quero desde logo felicitar o doutor António Costa, que teve um apoio muito maioritário na reunião do Conselho, na qual foram reconhecidas as características que ele tem (...) para o exercício deste alto cargo na União Europeia", afirmou Montenegro, lembrando os desafios que a UE enfrenta.

"É um dia particularmente feliz para a Europa e para Portugal", disse ainda.

"O Governo português não só apoiou como se empenhou fortemente para que este objetivo fosse alcançado, não apenas porque António Costa é português, mas sobretudo porque na conjugação das personalidades indicadas pelas várias famílias políticas para o desempenho de cargos de topo, entendemos que o doutor António Costa reúne a experiência, a capacidade de diálogo, de concertação, de construção de pontes entre as famílias políticas - que é a base da função do presidente do Conselho Europeu".

O ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros também felicitou António Costa por ter sido eleito presidente do Conselho Europeu, um cargo que considerou ser "muito importante não tanto para o país enquanto tal (...) mas para a Europa" e sublinhou a "vasta experiência" do antigo governante.
Ventura fala em “má escolha”, mas felicita Costa “a nível pessoal”
O Chega entende que o nome de António Costa “é uma má escolha para a Europa” e para o mundo. “Não podemos compreender como é que, se António Costa era uma má opção para Portugal, pode ser uma boa opção para a Europa”, declarou aos jornalistas.

“Nós estamos nos antípodas do pensamento do dr. António Costa naquilo que entende ser a luta contra a corrupção, na defesa de uma Europa com fronteiras e não de uma Europa completamente descontrolada de imigração, numa Europa de uma política de segurança comum forte”, frisou André Ventura.

Considera ainda um contrassenso que “partidos anti-socialistas hoje possam estar a apoiar, como acontece com os liberais e com os sociais-democratas, António Costa para o Conselho Europeu”.

Ventura saudou a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, por também se ter oposto ao nome do ex-primeiro-ministro português.

No entanto, enquanto cidadão, português e “sobretudo a nível pessoal”, o presidente do Chega saudou a vitória de António Costa e desejou-lhe “as maiores felicidades no desempenho que venha a ter no seu cargo”.
Felicitações socialistas
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, escreveu na rede social X que a eleição de Costa é “um enorme orgulho para Portugal e para o Partido Socialista”, voltando a frisar que o ex-primeiro-ministro é “o mais bem preparado para a liderança do Conselho Europeu”.

Marta Temido, que foi cabeça de lista do PS às eleições europeias, reagiu com "grande satisfação, entusiasmo e expectativa" à nomeação de António Costa.

Em declarações à RTP, a antiga ministra da Saúde descreveu o ex-primeiro-ministro como "alguém que nos ajudou a aprender que não há problemas sem solução e que é sempre possível construir pontes".

Marta Temido destaca que numa altura em que a Europa enfrenta grandes desafios, "ter uma personalidade de caráter como a de António Costa, com essa determinação, força e otimismo, é um sinal animador importante para os europeus".
As reações europeias
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, votou contra a ida de António Costa para o Conselho Europeu. O chefe de Governo húngaro, Viktor Órban, acabou por votar a favor do ex-primeiro-ministro português, apesar de inicialmente se ter oposto.

De resto, as opiniões a respeito da eleição de António Costa foram unânimes. O atual presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, escusou-se a comentar a investigação em curso envolvendo o seu sucessor, garantindo que a instituição "confia nos candidatos escolhidos" e enviará um "bom sinal aos cidadãos".

"O Conselho Europeu tomou uma decisão e foi uma decisão clara e rápida, de facto. Tivemos uma reunião há 10 dias e hoje [quinta-feira] tomámos uma decisão [...] e o Conselho Europeu confia nos candidatos que foram escolhidos e está confiante de que este será um bom sinal enviado aos cidadãos europeus", declarou Charles Michel em conferência de imprensa.

Questionada pela Lusa, a presidente da Comissão Europeia e proposta pelos líderes da UE para um segundo mandato no cargo, Ursula von der Leyen, disse estar "ansiosa por trabalhar com António Costa".

"Tive o privilégio de trabalhar com ele [...] quando Portugal detinha a presidência do Conselho e, por isso, sei muito bem que ele é muito focado, é um político trabalhador e muito orientado para os objetivos, mas também tem uma grande humor, pelo que estou ansiosa por trabalhar com ele", adiantou Ursula von der Leyen.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, manifestou igualmente satisfação pelo acordo entre chefes de Estado e de Governo da União Europeia sobre os nomes que vão desempenhar os cargos da cúpula institucional do bloco europeu nos próximos anos.

Numa mensagem publicada nas redes sociais, Scholz refere que assim a União Europeia pode avançar "rápido e bem".
Uma nova fase para Costa
António Costa foi eleito na noite de quinta-feira pelos chefes de Estado e de Governo da UE como presidente do Conselho Europeu para um mandato de dois anos e meio a partir de 1 dezembro de 2024.
António Costa será o primeiro português e o primeiro socialista à frente do Conselho Europeu.
No X, o ex-primeiro-ministro disse ser “com um enorme sentido de missão” que assumirá a responsabilidade de ser o próximo presidente do Conselho Europeu.

“Estarei totalmente empenhado em promover a unidade entre os 27 Estados-Membros e focado em implementar a Agenda Estratégica, que o Conselho Europeu hoje aprovou e que orientará a União Europeia nos próximos cinco anos”, acrescentou.

A decisão foi adotada numa reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, na qual os líderes da UE propuseram também o nome de Ursula von der Leyen para um segundo mandato à frente da Comissão Europeia, que depende porém do aval final do Parlamento Europeu, e nomearam a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, para alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, sujeita à eleição pelos eurodeputados de todo o colégio de comissários.

c/ agências
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