EM DIRETO
Acompanhe na RTP1 e na Antena 1 o jogo dos oitavos de final entre Portugal e Eslovénia

Das redes sociais para as urnas. Influencers franceses mobilizam-se contra a extrema-direita

por Rachel Mestre Mesquita - RTP
Manifestação contra a extrema-direita, a 15 de junho, em Paris. Jerome Gilles - Nur Photo via AFP

Após a dissolução da Assembleia francesa e o anúncio de eleições legislativas antecipadas para 30 de junho e 7 de julho, na sequência de um resultado histórico do Rassemblement National (RN) nas Europeias, vários influencers franceses começaram a utilizar as redes sociais para apelar ao voto contra a extrema-direita de Marine Le Pen e o seu candidato a primeiro-ministro, Jordan Bardella.

Depois dos apelos dos jogadores da seleção francesa - Marcus Thuram e Kylian Mbappé - e do youtuber Squeezie, as estrelas francesas das redes sociais - Léna Situations, Mister V ou Crazy Sally - estão a utilizar as suas contas no TikTok, Instagram e canais no YouTube, onde têm milhões de subscritores, para incentivar os jovens franceses a votar nas próximas eleições. 

Aventurando-se no debate político, na sequência do terramoto provocado pela vitória sem precedentes do RN nas eleições europeias, os influencers vão mais longe ao tentarem encorajar - individual e coletivamente – os seus seguidores a votar contra o Rassemblement National, escreve a FranceInfo.

"Sei que é chato acordar num domingo, durante as férias, mas é muito importante que os jovens saiam à rua e votem!", escreveu a influencer Léna Mahfouf, conhecida por Léna Situations, numa história publicada no Instagram no dia a seguir às europeias. Mais tarde, a jovem que tem 4,6 milhões de seguidores naquela rede explicou a sua declaração: "Votem e digam aos vossos amigos e familiares para irem votar. Contra a extrema-direita. Contra a xenofobia. Contra a intolerância".

O youtuber e rapper Mister V – que tem 4,9 milhões de seguidores na sua conta de Instagram - também encorajou a sua comunidade a ir votar, mas “não nos 'fafs' de merda”, usando um termo pejorativo para se referir aos militantes franceses de extrema-direita. 

Várias outras figuras públicas têm utilizado as redes sociais para se posicionarem contra a extrema-direita, mas neste campo e até ao momento, a tomada de posição do yotuber Squeezie foi a mais marcante e a que teve direito a reação do líder do partido de extrema-direita RN, Jordan Bardella.

Numa carta aberta a “todos os jovens” que o seguem, publicada na sua conta do Instagram, no dia 14 de junho, Squeezie com quase 19 milhões de subscritores no YouTube e 8,8 milhões no Instagram, apelou ao voto nas próximas eleições e à mobilização “contra a extrema-direita e as suas ideias”.


"Vão votar a 30 de junho e a 7 de julho e lembrem-se que votar num partido que promove o ódio, a discriminação e o medo dos outros nunca foi uma solução", escreveu na sua publicação de oito páginas feita na sua conta de Instagram. 
Bardella acusa influencer de estar empenhado contra os franceses

O líder do Rassemblement National, Jordan Bardella, não tardou a reagir através de uma publicação na mesma rede social, com o mesmo formato da carta aberta. 

Na sua resposta, o jovem político criticou o facto de "multimilionários com a nobre profissão de influencers estarem 'apoliticamente' empenhados contra milhões de franceses, copiando e colando argumentos tão grosseiros quanto enganadores da França Insubmissa (LFI, na sigla em francês)", o partido da esquerda radical francesa.

"Não é altura para neutralidade"

Também na segunda-feira, mais de 200 streamers e influencers assinaram um artigo publicado no jornal francês Médiapart, no qual apelaram ao voto na aliança de esquerdas Nova Frente Popular nas próximas eleições para “impedir coletivamente a subida ao poder da extrema-direita” que "não foi, não é e nunca será a solução".

"A história está a ver-nos, mobilizemo-nos", escrevem. "Pela primeira vez sob a V República, a extrema-direita pode obter uma maioria absoluta na Assembleia Nacional e ascender ao poder", alertam no seu apelo, na sequência do resultado histórico de 31,5 por cento alcançado nas eleições europeias.

pub