Danos materiais. Ataque russo com mísseis atinge embaixada portuguesa em Kiev

por Cristina Sambado, Inês Moreira Santos - RTP
Sergey Dolzhenko - EPA

A embaixada de Portugal em Kiev foi um dos edifícios atingidos pelo ataque russo desta sexta-feira com recurso a mísseis balísticos, sem notícia de feridos, confirmou à RTP o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel. O Governo manifestou a intenção de apresentar um protesto formal a Moscovo.

Os danos foram ligeiros. Há vidros partidos e portas empenadas. Paulo Rangel considera que este incidente merece repreensão em termos diplomáticos.

Além da embaixada portuguesa, também as representações diplomáticas de Argentina, Albânia e Montenegro foram atingidas. Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, são várias as instalações diplomáticas que "estão no mesmo edifício".
"Isto é altamente condenável. Qualquer ataque da Federação Russa à Ucrânia e à cidade de Kiev merece a nossa condenação. Mas é absolutamente inaceitável que possa haver ataques que tenham impacto ou visem instalações diplomáticas", acrescentou o governante.

Ainda de acordo com Paulo Rangel, "foi chamado ao Ministério o encarregado de negócios da Federação Russa, uma vez que o embaixador não está em Lisboa, para que seja apresentado um protesto formal", porque é "absolutamente inaceitável, de acordo com todas as regras diplomáticas internacionais, que possa haver impactos, ou até alvos em missões diplomáticas na capital da Ucrânia".

Paulo Rangel garantiu que a segurança da embaixada tem sido "sempre garantida" e com "reforços sistemáticos".O titular da pasta dos Negócios Estrangeiros recorda que ao longo dos últimos três anos os funcionários, "em várias ocasiões, não trabalharam nas instalações da embaixada" e "isso tem acontecido várias vezes".

"Faz parte de um cenário em que existe, obviamente, riscos. Especialmente os riscos pessoais. Seja como for, é evidente que em caso algum se possa tolerar que haja impacto, ou que se afete, muito menos que se tenha como alvo qualquer instalação diplomática de qualquer país".

Para já esta é a "posição da República Portuguesa perante a Federação Russa, outras diligências serão feitas a outro nível, um pouco mais tarde", esclareceu depois de questionado sobre a posição a adotar pela União Europeia.
"Território português em plena Ucrânia"
O presidente da República reagiu já à notícia dos danos na embaixada portuguesa em Kiev. Embora reconheça que o alvo pudesse não ser exatamente esse, Marcelo Rebelo de Sousa lamenta o sucedido e sublinha que foi atingido "território português em plena Ucrânia".
O chefe de Estado, juntamente com o ministro dos Negócios Estrangeiros e o primeiro-ministro, decidiram que "devia ser feita uma diligência junto do país em causa e que isso seria comunicado publicamente", transmitindo aquilo que as instituições portuguesas consideram ser "uma violação de regras de Direito Internacional".

"Portugal não tinha outra solução se não reagir - e reagir com firmeza e imediatamente - porque é um precedente que se traduz numa violação de regras de Direito Internacional", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, sem mais detalhes.
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