O presidente da Nicarágua propôs uma reforma constitucional que, caso seja aprovada, torna Daniel Ortega e a mulher, a vice-presidente Rosario Murillo, oficialmente copresidentes da nação centro-americana.
A iniciativa deverá ser aprovada pelo parlamento do país, que, tal como todas as instituições governamentais da Nicarágua, é controlado pelo partido que apoia Ortega.
A proposta visa ainda alargar o mandato presidencial de cinco para seis anos.
Ortega apresentou em simultâneo um outro projeto de lei que ilegaliza a aplicação de sanções por parte dos Estados Unidos ou de outras entidades estrangeiras "no território da Nicarágua".
A reforma prevê também a redução do número de magistrados no sistema judicial e na comissão eleitoral, assim como amplia de cinco para seis anos os mandatos dos juízes.
O gabinete do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Luis Almagro, condenou em comunicado a proposta.
A proposta surge no âmbito de uma repressão contínua por parte do governo de Ortega desde os protestos sociais em massa em 2018, que autoridades reprimiram violentamente.
O governo deteve opositores, líderes religiosos e jornalistas, muitos dos quais foram exilados à força e privados dos seus bens e da nacionalidade da Nicarágua.
Desde 2018, as autoridades encerraram mais de cinco mil organizações, em grande parte religiosas.
Grupos dissidentes, incluindo a Aliança Universitária da Nicarágua, protestaram contra as medidas, considerando-as como uma extensão da repressão.