Cruzeiro italiano dispara sobre piratas da Somália e repele ataque
A tripulação de um navio de cruzeiro com pavilhão italiano conseguiu rechaçar uma tentativa de abordagem desencadeada por piratas somalis. Os tripulantes do "MSC Melody" empregaram armas de fogo e uma mangueira de combate a incêndios contra os autores do ataque, que se aproximaram do navio a 600 milhas (960 quilómetros) da costa oriental do Continente Africano.
"Eles começaram a disparar como loucos contra o navio. Tentaram lançar uma escada com ganchos. Preparavam-se para subir, por isso reagimos e começámos a disparar. Quando nos viram a disparar, e até os atingimos com a água de uma mangueira de incêndio, resolveram desistir", relatou este domingo o capitão Ciro Pinto, em declarações ao canal italiano de televisão SKYTG2.
Os piratas ainda moveram uma perseguição de mais 20 minutos ao navio de cruzeiro, antes de abandonarem o ataque. Ciro Pinto garante que a segurança dos 1.527 passageiros e elementos da tripulação nunca esteve em causa, apesar da barragem de disparos de espingardas automáticas AK-47 que se abateu sobre o casco do "MSC Melody": "Não há feridos. Apenas duas pessoas com arranhões. Escorregaram e caíram".
Um milhão de dólares por navio
Após o ataque, o navio retomou a rota para o porto de Aqaba, na Jordânia. O "MSC Melody" partira de Durban, na África do Sul, para um cruzeiro de 22 dias que tem por destino final a cidade italiana de Génova. O navio deverá ser escoltado até ao porto jordano por vasos de guerra das forças internacionais destacadas para as operações contra a pirataria no Índico.
Apesar do reforço de meios navais ao largo da Somália, os grupos de piratas intensificaram, a partir de Fevereiro, os ataques a navios de diferentes calados e pavilhões que atravessam o Golfo de Áden e as águas do Oceano Índico. Dados do observatório britânico IMB (International Maritime Bureau) revelam que os incidentes com piratas somalis quase duplicaram nos primeiros três meses de 2009. Só nas últimas semanas, depois de a Administração norte-americana ter prometido um reforço dos mecanismos de combate à pirataria, foram atacadas 18 embarcações ao largo da costa somali.
Em 2008, pelo menos 50 navios foram sequestrados - numa vaga de abordagens que rendeu, em média, um milhão de dólares em resgates por cada uma das embarcações apresadas, segundo as estimativas dos especialistas internacionais.
Os piratas mantêm sob sequestro os 16 tripulantes de um segundo navio de pavilhão italiano, o rebocador "Bucaneer", capturado a 11 de Abril. Nas últimas horas, um cargueiro alemão caiu na malha dos piratas. Outros dois navios, o petroleiro iemenita "Sea Princess II" e um cargueiro grego, foram entretanto libertados. O navio grego valeu aos atacantes uma soma de 1,9 milhões de dólares.