Cruz Vermelha sul-africana assiste camionistas retidos na fronteira com Moçambique

por Lusa

Pelo menos 500 camionistas estão a ser assistidos pela Cruz Vermelha sul-africana na principal fronteira com Moçambique, disse hoje fonte da organização humanitária à Lusa.

A ajuda humanitária está a ser prestada aos camionistas que se encontram retidos no posto de fronteira de Lebombo, entre Komatipoort e Ressano Garcia, afetado por violentos protestos pós-eleitorais no lado moçambicano da fronteira, nos últimos dias, indicou a responsável provincial da Cruz Vermelha em Mpumalanga, Kgetsa Motutsi.

"Como organização humanitária, temos fornecido refeições quentes, temos cozinhado, ainda hoje está uma equipa no terreno a preparar refeições quentes para aqueles que se encontram estão aqui retidos, principalmente porque não estão perto de bens essenciais como comida e água", adiantou à Lusa a partir da fronteira com o país lusófono vizinho.

"Neste momento estamos a ajudar 500 pessoas e também estamos a tentar obter mais apoio", indicou, acrescentando que as condições climatéricas são adversas naquela região nordeste sul-africana.

"O tempo é imprevisível, num minuto está quente, noutro está muito nublado e frio, por isso também estamos a tentar fornecer-lhes café", salientou à Lusa a responsável da Cruz Vermelha na província sul-africana de Mpumalanga, que faz fronteira com Moçambique.

Vários camiões têm sido alvo de ataques e pilhagens no lado moçambicano da fronteira, segundo várias fontes, uma das mais movimentadas da região Austral do continente, que permite o abastecimento à capital moçambicana.

O centro da cidade de Maputo foi palco de violentos confrontos entre milhares de populares e as forças de segurança, nesta quinta-feira.

A Autoridade de Gestão de Fronteiras (BMA) da África do Sul encerrou desde a noite de terça-feira a principal fronteira com Moçambique, devido à situação de violência que eclodiu no país vizinho após as eleições gerais de 9 de outubro.

Em causa está a validação dos resultados eleitorais anunciados a 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique.

Segundo a CNE, o candidato presidencial Daniel Chapo, da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder desde 1975, venceu as eleições com 70,67% dos votos, gerando protestos populares em todo o país após um apelo do candidato presidencial Venâncio Mondlane, que contestou os 20,32% dos votos que lhe foram atribuídos pela CNE, colocando-o como o segundo mais votado, resultados que declarou não reconhecer.

Pelo menos 108 pessoas foram baleadas e 16 morreram na violência pós-eleitoral dos últimos dias em Moçambique, segundo a Associação Médica de Moçambique (AMM).

A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) convocou uma "Cimeira especial" para o próximo dia 20, no Zimbabué, na qual irá discutir a atual situação de violência e indefinição política em Moçambique, avançou fonte do Governo sul-africano à Lusa.

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