O intenso bombardeamento da cidade-bastião rebelde no centro da Síria está a impedir uma equipa da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho de entrar em Homs e de socorrer a população. Os rebeldes dizem que mil famílias estão cercadas pelo exército, sem alimentos, nem eletricidade ou cuidados médicos.
"Uma equipa da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho dirigiu-se à cidade de manhã cedo mas teve de voltar para trás devido aos tiros", afirmou à Reuters o porta voz da CVI, Hicham Hassan. "Vamos tentar voltar à área mais tarde para retirar os feridos e os doentes, as mulheres e as crianças", acrescentou.
A organização estava a negociar a entrada na cidade e afirmou ter recebido "luz verde" das autoridades governamentais e da oposição, que teriam concordado num breve período de tréguas.
Entricheirados
Faltava acordar a retirada dos civis e a autorização "das partes que controlam os bairros para podermos entrar com segurança nas zonas mais perigosas", afirmou o diretor das operações do Crescente Vermelho, Khaled Areksoussy.
As tropas governamentais acabaram por intensificar o bombardeamento da cidade, em especial do bairro de Khaldiyé. Há pelo menos 13 mortos civis e os rebeldes e população estão entrincheirados em vários bairros.
"A situação é catastrófica", afirmou à AFP via Skype um militante no local. "O regime não cumpriu a promessa e continua a bombardear os bairros. Nós (oposição) anunciamos o compromisso com o cessar-fogo. O regime é responsável pelas famílias bloqueadas em Homs", acrescentou.
120 mortos em combates - OSDH
Nos combates desta quinta-feira morreram pelo menos 120 pessoas em todo o país. A maioria das vítimas eram civis, segundo a ONG baseada em Londres Observatório Sírio dos Direitos do Homem (OSDH).
O Observatório reúne relatórios de militantes e de outras fontes não governamentais, de toda a Síria.
O OSDH reportou ainda que foi destruído "um depósito de armas, dois canhões e dois camiões de transporte de tropas" em Dar Ezzat na província de Alep e os rebeldes apropriaram-se de "um canhão".
O exército continuou hoje a bombardear violentamente também outro bastião dos rebeldes em Deraa (sul). Os soldados tomaram de assalto a cidade de Inkhel e estão a realizar buscas.
A cidade de Qousseir, vizinha de Homs, está igualmente cercada e a ser bombardeada pelas tropas de Assad e é sobrevoada por helicópteros, afirmou o correspondente local da AFP. Desde as 07h00 da manhã que se desenrolam combates violentos entre soldados e rebeldes, perto do hospital da cidade, acrescentou.
Desde o início da revolta há 15 meses já morreram mais de 15.000 pessoas segundo o OSDH.
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