Crianças recrutadas. UE intensifica luta contra tráfico de droga e crime organizado
A Comissão Europeia anunciou esta semana um plano para impulsionar a luta contra o tráfico de droga e o crime organizado. Os estupefacientes estão identificados, na União, como uma das principais ameaças à segurança, com as redes de traficantes a recrutarem crianças para as malhas do crime.
O conjunto de estratégias anunciadas pelo diretório europeu surge num momento em que os números mostram que 50 por cento de todos os homicídios na UE estão relacionados com drogas.Em causa está o crescente recurso às substâncias sintéticas produzidas em laboratórios, como o fentanil, bem como o consumo de cocaína.
Já em agosto de 2023 e apenas em duas semanas, registaram-se números históricos com a apreensão de oito toneladas de cocaína em Roterdão e 9,5 toneladas no porto de Algeciras, em Espanha.
“Precisamos de uma rede para combater outra rede”
As cadeias de abastecimento do tráfico de droga “levaram a uma onda de violência nas ruas de toda a Europa”, afirma Ylva Johansson, comissária europeia dos Assuntos Internos.
Johansson também alegou que as camadas jovens estão a ser apanhadas no mercado das drogas, que se está a tornar “cada vez mais crescente e brutal”.
Sendo uma das maiores ameaças à segurança da Europa, Johansson alerta: “Os jovens estão a ser radicalizados e preparados para se tornarem assassinos. Estas redes são o equivalente aos gangues de traficantes que transformam as crianças-soldados”.
E acrescentou que “o comércio de droga orquestrado pelo crime organizado é uma das mais graves ameaças à segurança que a Europa enfrenta hoje e a situação está a agravar-se”.
“Este é apenas o mais recente de uma série de assassinatos cometidos por crianças”, disse.
A criminalidade violenta e o consumo de cocaína não é o único problema, ainda segundo Johansson.
- Criar uma nova “Aliança Europeia dos Portos para aumentar a resiliência dos portos contra a infiltração criminosa” através de digitalização e equipamentos de última geração;
- “Desmantelar redes criminosas de alto risco” através da agilização de investigações financeiras e digitais, do mapeamento das maiores redes criminosas, do reforço da cooperação entre procuradores e juízes especializados;
- Implementar “medidas para prevenir a criminalidade organizada”, para nomeadamente “impedir que grupos criminosos recrutem jovens e melhorar a segurança e a saúde públicas, e para limitar de forma mais eficaz o acesso aos precursores de drogas”;
- Incentivar o trabalho com “parceiros internacionais para enfrentar a ameaça global, nomeadamente através do reforço do intercâmbio de informações, de operações conjuntas nas principais rotas do tráfico de droga”.