O projecto de criação da primeira universidade pública em Cabo Verde vai merecer especial atenção durante a visita a Brasília do primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, que chegou hoje à capital brasileira.
Na segunda-feira, José Maria Neves tem encontros com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim e com o presidente do Tribunal de Contas da União, Adylson Motta.
A cooperação brasileira para a instalação da Universidade de Cabo Verde foi acertada em Julho do ano passado, quando o presidente Lula da Silva visitou o arquipélago africano.
De acordo com o governo brasileiro, o Ministério da Educação (MEC) está a dar consultoria técnica no planeamento da universidade cabo-verdiana e vai também qualificar professores.
O projecto será discutido amplamente pela ministra da Educação e Valorização dos Recursos Humanos de Cabo Verde, Filomena Martins, que integra a delegação africana, e o seu homólogo brasileiro Fernando Haddad.
Actualmente, dos 300 professores do ensino superior do arquipélago, apenas três por cento são doutores e 21 por cento são mestres.
O governo de Cabo Verde pretende formar no Brasil o corpo docente da nova universidade, que será concebida segundo os padrões brasileiros de instituições públicas de ensino superior.
Os representantes dos dois países vão analisar igualmente programas que trazem cabo-verdianos para estudar no Brasil.
De 2000 a 2005, 1.093 estudantes de graduação e 36 de pós- graduação ingressaram em instituições brasileiras de ensino superior - um terço da colónia de cabo-verdianos que vive no Brasil.
O primeiro-ministro José Maria Neves chegou ao Brasil no último dia 12 e fez um périplo por diversos Estados (Ceará, Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Rio de Janeiro e Goiás) para estimular empresários brasileiros a investir no seu país.
Em cada Estado, a delegação cabo-verdiana, que conta com a presença do ministro da Economia, Crescimento e Competitividade, João Pereira Silva, e de 20 representantes de empresas de vários sectores, promoveu seminários com empresários locais.
O turismo foi uma das áreas de destaque nesses seminários, assim como os transportes aéreos e marítimos, uma vez que Cabo Verde quer transformar-se num centro de passageiros e cargas na região do Atlântico, como uma grande porta de entrada para África.
Actualmente, Cabo Verde importa a maioria dos produtos que consome e mais de 80 por cento do Orçamento do Estado é financiado por recursos externos.
Dados do governo brasileiro mostram que as exportações do Brasil para Cabo Verde no primeiro semestre deste ano foram de 11,8 milhões de dólares (9,6 milhões de euros), contra importações de apenas 22 mil dólares (17,7 mil euros).
No ano passado, as vendas de produtos brasileiros para o arquipélago representaram 16,6 milhões de dólares (13,5 milhões de euros) face a importações de 23 mil dólares (18,8 mil euros).
