Covid-19. Turquia entra em confinamento geral

por Cristina Sambado - RTP
Corrida às lojas de bebidas alcoólicas antes do confinamento, após a informação de que a venda de álcool seria limitada Erdem Sahin - EPA

A Turquia entrou esta quinta-feira no primeiro confinamento geral, que vai durar até 17 de maio, numa tentativa de tentar travar a propagação da pandemia de Covid-19. A decisão surge numa altura em que o país anunciou ter encomendado 50 milhões de doses de vacinas Sputnik V.

A partir de agora, há recolher obrigatório e todos os locais de trabalho estão encerrados. Há algumas exceções, como estabelecimentos de comércio de produtos essenciais e os serviços de limpeza, entre outros.

A Turquia registou 4,7 milhões de infeções e mais de 39 mil óbitosAs viagens entre as cidades só podem ser feitas com autorização e os transportes públicos reduziram a sua capacidade em 50 por cento.

As aulas presenciais foram interrompidas e os exames adiados.

As medidas de confinamento vão durar até ao fim do Ramadão e ao festival Eid que se segue.


Na quarta-feira, antes de entrar em vigor o confinamento geral, a correspondente da BBC na Turquia reportava que as ruas de Istambul estavam com muito movimento.

Alguns habitantes tentavam sair da maior cidade turca e outros tentavam açambarcar bebidas alcoólicas, após a informação de que a venda de álcool seria limitada.

Na primeira vaga da pandemia de Covid-19, em 2020, a Turquia foi considerada uma história de sucesso pelo combate precoce e até foi elogiada pela Organização Mundial da Saúde.

No entanto, um ano depois está entre os países mais afetados pela Covid, com uma taxa de infeção superior a qualquer país europeu.

Com a taxa de infeção a disparar, Ancara apresenta, ainda, de um número relativamente baixo de mortes, cerca de 39 mil. E as autoridades dizem que a pandemia está controlada, graças ao forte sistema de saúde do país. Mas o número de novos casos é preocupante.

Após um segundo período de restrições iniciado em novembro de 2020, o número de casos diários caiu para cerca de seis mil em meados de fevereiro.

Em março, assim que o Governo de Recep Tayyip Erdogan começou a diminuir as restrições, uma nova vaga atingiu o país.

No início de abril, o Governo voltou a impor restrições. No entanto, não foi o suficiente para conter a propagação de novos casos de infeção.

No auge da nova vaga em abril, eram reportados mais de 60 mil novos casos diários e mais de 300 óbitos.
Como é isso aconteceu?
Segundo os críticos, o Executivo suspendeu as restrições muito cedo e o processo de vacinação não foi suficientemente rápido.

Mais de 22 milhões de pessoas já foram vacinadas, num país de 82 milhões de habitantes.

Também suscita críticas o facto de o partido AK do Presidente Recep Tayyip Erdogan ter organizado em março vários congressos lotados.

Os congressos ocorrerem numa altura em que estavam proibidas reuniões sociais e protestos públicos. Os cientistas afirmam que as novas variantes, especialmente a do Reino Unido (Kent), aceleraram a taxa de infeção. Mas a variante indiana também já foi detetada no país. O ministro da Saúde revelou na quarta-feira que foram detetados cinco casos em Istambul.

Muitos especialistas afirmam que este novo confinamento é necessário.

No entanto, alguns argumentam que o confinamento que hoje entrou em vigor não vai durar o suficiente para combater o aumento de casos. E que não será muito eficaz se não for acompanhado por um programa de vacinação robusto.

Defendem ainda que quaisquer medidas devem ser acompanhadas por um suporte financeiro para as pessoas com baixos rendimentos.
Salvar o verão
Um dos objetivos do Governo é salvar o turismo
. Em 2020, a Turquia recebeu menos 70 por cento de visitantes estrangeiros. E os industriais do setor esperam que o confinamento ajude a permitir uma reabertura para a época de Verão.

O Presidente Recep Tayyip Erdogan já afirmou: “Numa altura em que a Europa está a entrar numa fase de reabertura, devemos reduzir rapidamente o nosso número de casos para menos de cinco mil, para não ficarmos para trás”.
50 milhões de doses da vacina russa
A Turquia está a administrar principalmente a vacina chinesa da Sinovac e, em número mais reduzido, a da Pfizer-BioNTech. Na quarta-feira, o ministro da Saúde anunciou ter encomendado 50 milhões de doses do fármaco russo Sputnik V.

“A Turquia assinou um acordo relacionado com a compra de 50 milhões de doses da Sputnik V que deverão ser entregues nos próximos seis meses. A primeira entrega terá lugar no mês de maio”, declarou o ministro da Saúde turco, Fahrettin Koca, em conferência de imprensa.

Koca anunciou ainda que a administração da segunda dose da vacina Pfizer-BioNTech, que a Turquia utiliza, terá agora lugar entre seis e oito semanas após a primeira, contra quatro semanas atualmente.

“O fornecimento em vacinas será complicado nos próximos dois meses, mas de seguida esperamos garantir vacinas em abundância”, declarou o ministro.

c/ agências
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