Covid-19. Trump quer ver China a pagar caso tenha sido "conscientemente responsável" pela pandemia

por Joana Raposo Santos - RTP
Donald Trump disse duvidar do número de mortes e contágios por Covid-19 apresentados diariamente pela China. Foto: Alexander Drago - Reuters

Donald Trump alertou que a China deve sofrer as devidas consequências caso tenha sido "conscientemente responsável" pela pandemia do novo coronavírus. O Presidente norte-americano anunciou ainda a investigação a um laboratório chinês que admite poder ser o responsável pelo vírus e aproveitou para expressar desconfiança relativamente aos números de contágios e mortes anunciados por Pequim.

“Isto podia ter sido travado na China antes de começar, e isso não aconteceu. Agora todo o mundo está a sofrer por causa disso”, afiançou Trump na mais recente conferência de imprensa da Casa Branca.

“Se foi um erro, então um erro é um erro. Mas se eles foram conscientemente responsáveis, então claro que deve haver consequências”, defendeu, sem acrescentar que consequências podem ser essas.

O Presidente norte-americano afirmou ainda que os chineses estão “envergonhados” e que a questão agora é se o que aconteceu com o novo coronavírus foi “um erro que saiu do controlo ou algo deliberado”. “Há uma grande diferença entre essas duas hipóteses”, disse.

“Estamos a falar de um número de vidas como ninguém viu desde 1917”, acrescentou, elogiando ainda as ações tomadas pelos EUA a nível do confinamento.
Governo investiga laboratório em Wuhan
Donald Trump aproveitou a conferência de imprensa da Casa Branca para anunciar que o seu Governo está a investigar um laboratório chinês especializado em virologia e localizado em Wuhan, cidade onde o novo coronavírus terá tido origem.

Esta semana, a estação Fox News divulgou que esse laboratório terá provavelmente desenvolvido o vírus como parte dos esforços da China para demonstrar a sua capacidade de identificar e combater este tipo de agentes infeciosos.

Teorias semelhantes têm sido avançadas desde o início da pandemia, razão pela qual, em fevereiro, o Instituto de Virologia de Wuhan veio negar os rumores e esclarecer que o vírus não foi produzido artificialmente nem escapou de nenhum dos seus laboratórios.
Dados “irrealistas”
Ainda durante a conferência de imprensa, Donald Trump interrompeu Deborah Birx, responsável da Casa Branca para a coordenação da resposta ao surto de Covid-19, quando esta estava a mostrar um gráfico de comparação no número de mortes em vários países.

“Alguém acredita nestes números?”, questionou o Presidente, referindo-se ao total de mortes na China e no Irão. Este domingo a China reportou apenas 16 novos casos de Covid-19, o número mais baixo em mais de um mês.

Também Deborah Birx disse duvidar destes dados, explicando que o número de óbitos por cada 100 mil pessoas na China é muito inferior aos de outros países, incluindo os principais países europeus e os Estados Unidos.

A responsável apelidou os dados chineses de “irrealistas” e argumentou que esse país asiático tem a “obrigação moral” de fornecer informação credível. Birx elogiou, por outro lado, os países europeus que alertaram os Estados Unidos para a gravidade do vírus.

A América do Norte, com mais de 760 mil casos de infeção, e a Europa, com mais de um milhão, são precisamente os locais mais afetados pela Covid-19.

Espanha é o país europeu com maior número de casos - quase 192 mil -, seguindo-se Itália, França, Alemanha e Reino Unido. Portugal é o nono país mais afetado na Europa.

c/ agências
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