O estudo conjunto entre a Organização Mundial da Saúde e a China sobre a origem do SARS-CoV-2 aponta que o vírus terá passado dos morcegos para os humanos através de outro animal. Este é o cenário mais provável e uma fuga laboratorial do vírus é “extremamente improvável”, de acordo com um rascunho preliminar do relatório obtido pela Associated Press.
Estes dados eram os expetáveis, mas deixam muitas questões por responder, apesar de aprofundar muitas das conclusões da equipa. A equipa que viajou para Wuhan entre janeiro e fevereiro, onde terão sido reportados os primeiros casos de covid-19, propõe mais pesquisa em praticamente todas as áreas, excepto a hipótese de fuga do vírus de um laboratório.
A publicação do relatório tem sido sucessivamente adiada, levantando questões sobre uma eventual pressão da China no sentido de condicionar as conclusões para que não haja espaço um que seja apontada como responsável pela pandemia. No final da semana passada, Peter Ben Embarek, o perito da OMS que conduziu a investigação, assegurava que a o documento estava finalizado e estava a ser apensa sujeito a revisão factual e tradução. “Espero que nos próximos dias o processo possa estar concluído e seja possível libertá-lo para o público”, adiantou.
A cópia obtida pela Associated Press será uma das últimas versões do documento, próxima do conteúdo final. A fonte é um diplomata de Genebra, de um dos países membros da OMS.
O documento da Organização Mundial de Saúde
baseia-se em dados reunidos numa visita à China entre janeiro e
fevereiro, mais de um ano depois da deteção dos primeiros casos de
Covid-19.
O relatório elenca quatro cenários possíveis para a origem da pandemia. No topo da lista está a transmissão através de um segundo animal, mais provável do que a passagem direta do vírus dos morcegos para os humanos. A transmissão do vírus através da cadeia alimentar foi considerada “possível”, mas “pouco provável”.
O parente mais próximo do vírus que causa a Covid-19 foi encontrado em morcegos, conhecidos por transportarem coronavírus. No entanto, o relatório revela que a “distância evolutiva entre esses vírus dos morcegos e o SARS-CoV-2 é estimada em várias décadas, sugerindo que há um link perdido”.
O documento diz que o vírus tem grandes semelhanças com aqueles encontrados em pangolins, mas também notam que as martas e os gatos são suscetíveis ao vírus da covid, o que sugere que podem ser transportadores.
O rascunho a que a Associated Press teve acesso considera inconclusiva a informação sobre se o surto começou no mercado de marisco de Wuhan em dezembro de 2019.
A descoberta de casos anteriores aos de Wuhan sugere que possa ter começado noutro local. O relatório admite que casos mais ligeiros podem ter circulado sem terem sido detetados, podendo haver uma relação entre o mercado e casos anteriores.
“Nenhuma conclusão firme sobre o papel do mercado na origem da pandemia ou como as infeções foram introduzidas no mercado”, refere o relatório.
À medida que a pandemia se disseminou pelo mundo, a China encontrou o vírus em comida congelada que chegou ao país e que originaram surtos localizados.
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