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Covid-19. Pequim em "estado de guerra" para controlar novo surto

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Thomas Peter - Reuters

Nas últimas 24 horas, Pequim somou 27 novos casos de infeção por Covid-19. No total, a capital chinesa regista 106 novos casos desde quinta-feira, alimentando receios de uma segunda vaga. Para tentar travar este novo surto, o governo municipal impôs restrições à circulação e colocou dezenas de bairros sob quarentena.

O governo de Pequim decretou “estado de guerra” para combater o novo surto de Covid-19 na região. As escolas, cujo regresso estava a ser delineado, voltaram a encerrar e durante a noite de segunda-feira, algumas regiões de Pequim foram cercadas, com postos de segurança instalados em residências.

A capital chinesa classificou 22 bairros como áreas de risco médio e foram, por isso, colocados sob quarentena para impedir a disseminação do vírus entre os 20 milhões de habitantes de Pequim. As autoridades de saúde chinesa já garantiram que os habitantes destes bairros irão receber comida e medicamentos.

“O meu bairro tem quatro ou cinco vias de entrada e quando a fiscalização chegou, apenas a entrada sul estava aberta e agora temos de mostrar os nossos cartões de entrada e medir a temperatura”, descreveu um dos residentes destes bairros de Pequim à agência Reuters.

Mais de 100 mil funcionários ficaram encarregues de supervisionar 7.120 comunidades próximas do mercado de Xifandi, onde foi localizado este novo surto.

Todos os funcionários deste mercado, bem como a população considerada de alto risco, isto é, que são contactos próximos de pessoas que testaram positivo, foram impedidos de sair da cidade e obrigados a fazer o teste de despistagem. Estima-se que cerca de oito mil funcionários já tenham sido testados e enviados para instalações onde permanecerão de quarentena. O mercado de Xifandi abrange uma área de 112 hectares, tem 1.500 funcionários e mais de quatro mil bancas. O mercado vende milhares de toneladas de alimentos por dia e já foi visitado por mais de 200 mil pessoas desde finais de maio.

Preocupados com o risco de contágio, muitas das províncias próximas de Pequim impuseram quarentena obrigatória para quem chegue da capital chinesa. As autoridades de Xangai, por exemplo, já anunciaram que todas as pessoas provenientes de áreas de médio a alto risco são obrigadas a cumprir 14 dias de quarentena.

Táxis e outros serviços de transporte foram suspensos na capital chinesa e algumas rotas de autocarro de longa distância entre Pequim e as províncias mais próximas foram também interrompidas.
“Situação extremamente grave”
Este é já o novo surto mais grave na China desde fevereiro, alimentando receios de uma segunda vaga da Covid-19.

O porta-voz do governo da cidade de Pequim, Xu Hejian, admitiu que a “situação epidémica na capital é extremamente grave” e a prioridade agora é a imposição de “medidas restritas para impedir a disseminação da Covid-19”.

Pequim está numa “corrida contra o tempo”, disse o porta-voz. A capital "terá de estar sempre um passo à frente da epidemia e tomar as medidas mais rigorosas, decisivas e determinadas", afirmou.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), na segunda-feira, já anunciou que está a acompanhar “muito de perto” a situação epidemiológica da cidade e disse estar a considerar enviar especialistas para Pequim nos próximos dias.

A pandemia que teve início na cidade chinesa de Wuhan em finais de 2019 já infetou mais de oito milhões de pessoas em todo o mundo e há a registar mais de 437 mil óbitos.
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