Covid-19. Oposição venezuelana diz que mortes "são mais do dobro" que as oficiais

por Lusa
Reuters

A oposição venezuelana disse hoje que o número oficial de pessoas infetadas pelo novo coronavírus é inferior à realidade e que as mortes associadas são covid-19 no país "são mais do dobro" do que tem sido oficialmente registado.

"O regime anuncia (em média) 800 casos diários de novos pacientes com a covid-19, porque é a capacidade máxima que tem para realizar provas, mas os modelos matemáticos apontam que a Venezuela deve estar entre os 3.000 e os 4.000 casos diários de novos contágios pelo [novo] coronavírus", disse o deputado que representa a oposição para os temas de "emergência em saúde e atenção sanitária a migrantes".

José Manuel Olivares, que também é médico, explicou aos jornalistas que "há patamares" sobre as mortes oficialmente anunciadas "que não correspondem ao comportamento do vírus no mundo".

"Passam entre sete e oito dias anunciando o mesmo número de mortos", disse.

Na Venezuela estão oficialmente confirmados 65.174 casos da covid-19 e 530 mortes associadas ao novo coronavírus. Por outro lado, 54.218 pessoas recuperaram da doença.

No entanto, segundo a oposição venezuelana até 18 de setembro "tinham falecido 1.136 pessoas com a covid-19, mais do dobro do que anuncia o regime" e "174 das vítimas correspondem a profissionais da área da saúde".

Segundo José Manuel Olivares, "a Venezuela continua a ser o país que realiza menos testes do tipo PCR em comparação com o resto do continente", lamentando que "o tempo de entrega dos resultados dos testes oscila entre 15 e 20 dias, o que impede ter um diagnóstico real".

Os últimos dados divulgados pelo novo ministro de Comunicação e Informação da Venezuela, Freddy Náñez, nas últimas 24 horas a Venezuela registou 890 novos casos de coronavírus, 724 deles por transmissão comunitária e 166 importados da vizinha Colômbia.

O ministro precisou à televisão estatal venezuelana que dos 724 casos de transmissão comunitária, 303 pacientes são do sexo feminino e 412 do sexo masculino. Entre os novos infetados encontram-se 40 cidadãos com menos de 18 anos.

Segundo Freddy Náñez, a Venezuela realizou "1.897.741 provas de despistagem da covid-19, uma média de 63.258 testes por cada milhão de habitantes, o que coloca a Venezuela como uma nação que aumentou o uso desta ferramenta para detetar o vírus atempadamente e atender adequadamente os pacientes no sistema público de saúde".

A Venezuela está desde 13 de março em estado de alerta, o que permite ao executivo decretar "decisões drásticas" para combater a pandemia.

Os voos nacionais e internacionais estão restringidos até 12 de outubro e a população está impedida de circular entre os diferentes municípios do país.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 953.025 mortos e mais de 30,5 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.899 pessoas dos 68.025 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

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