A incidência acumulada de contágios de SARS-CoV-2 em Espanha está em 3.042,1 por 100 mil habitantes, com a pressão hospitalar nas unidades de cuidados intensivos (UCI) nos 25 por cento em metade das comunidades.
A explosão de infeções aumentou antes do Natal e voltou a pressionar os hospitais espanhóis. Os doentes internados ultrapassam os picos de ocupação das vagas anteriores. Com cinco comunidades (Canárias, Navarra, País Basco, Aragão e Cantábria) com a maior ocupação de camas em enfermaria desde o início da vacinação.
Segundo o Ministério da Saúde, em 26 comunidades os internamentos em UCI estão a aumentar, com mais de 25 por cento das camas ocupadas por doentes com covid-19, o que implica que a capacidade destas unidades está em risco muito elevado.
Na terceira vaga da pandemia, há apenas um ano, os hospitais tinham mais de 27 mil pessoas com covid-19 internadas em enfermaria a cerca de cinco mil necessitavam de cuidados intensivos. Agora, apesar de as infeções serem o triplo, há 14 mil doentes em enfermarias e dois mil em UCI, cerca de 50 por cento do registado no ano passado, avança o jornal El País.
A principal diferença é a cobertura vacinal. Há um ano a vacinação começou lentamente nos lares e agora a maioria da população recebeu as duas doses de vacinas e 90 por cento dos maiores de 70 anos já recebeu a dose de reforço.
Apesar desta proteção, a situação é complicada em várias comunidades. Em dez, mais de 15 por cento das camas estão ocupadas com doentes infetados, acima do limiar dos indicadores do Ministério da Saúde para declarar território em risco muito elevado. Em 28, são mais de dez por cento (risco alto). Mas nos cuidados intensivos a situação é mais grave: em 26 comunidades, uma em cada quatro camas está ocupada por um doente com covid-19, acima do nível de risco muito alto.
Em algumas comunidades há mais pessoas internadas com covid-19 do que nos piores momentos do inverno do ano passado. O que acontece nos hospitais das Ilhas Canárias – que tiveram um vaga de inverno mais amena que o resto do país – e nas comunidades do País Basco, Aragão ou Catalunha. Num país que tem cerca de 47 milhões de habitantes, o total de casos notificados desde o início da pandemia, há quase dois anos, é agora de 7.592,242 e já morreram 90.383 pessoas devido à covid-19.
Algumas das regiões do País Basco como Gipuzkoa e Álava, em Huesca na comunidade de Aragão e em Lérida na Catalunha, registaram no início de dezembro, antes da explosão com a variante Ómicron, os piores números de novos contágios em todo o país. E é possível que alguns dos doentes que agora estão em UCI tenham sido infetados depois da variante Delta.
Os efeitos dessa vaga de contágios são percetíveis em UCI. Em Huesca há mais 18 por cento de doentes infetados com covid-19 do que em 2021 e Álava, Biscaia ou Girona têm agora quase 80 por cento das camas de unidades de cuidados intensivos ocupadas.
A maioria dos internados está relacionada com infeções que ocorreram durante a quadra natalícia, mas isso não implica que sejam todos devido à variante Ómicron. Segundo El País, este é um dado do qual ainda não há informação oficial em Espanha.
No entanto, alguns médicos afirmaram ao jornal que a maior parte dos internamentos é por Ómicron, mas a sua permanência em camas hospitalares é menor do que nas vagas anteriores. E nos doentes internados em UCI a maioria não está vacinada. Espanha está a preparar-se para passar a lidar com a variante Ómicron do SARS-CoV-2 como uma gripe comum.
Os poucos dados apontam para que a maioria dos internados em UCI tenha sido infetada com a variante Delta. Falta saber se os doentes graves com Ómicron vão aumentar ou se a vacina e a menor gravidade da variante limitarão a pressão sobre os cuidados intensivos.
Entre os recém-internados, estar ou não vacinado é o principal elemento diferenciador. Nos hospitais da Catalunha, que publicam diariamente novos casos e internamentos de acordo com o estado vacinal, 1.405 pessoas com mais de 80 anos foram internadas desde o início de dezembro. Entre elas, há 910 não vacinadas.
O perfil dos doentes internados foi mudando à medida que a campanha de vacinação foi avançando. Algo que se observa principalmente nos idosos, mais propensos a necessitar de cuidados hospitalares. No início da pandemia, os maiores de 70 anos representavam 50 por cento dos internamentos por covid-19. Com o início da vacinação, a proporção foi diminuindo e em maio, quando a maioria dessa faixa etária já estava vacinada, apenas 15 por cento dos pacientes com covid-19 tinham essa idade.
A situação complicou-se durante o outono de 2021, antes das terceiras doses começarem a ser administradas. Nessas semanas os maiores de 70 anos voltaram a representar 50 por cento dos internamentos.
O Ministério espanhol da Saúde revelou, na segunda-feira, que 38,09 milhões de pessoas já estão totalmente vacinadas contra a covid-19 (90,4 por cento da população com mais de 12 anos) e 38,93 milhões têm pelo menos uma das doses do fármaco (92,4 por cento).