Covid-19. Europa celebra Páscoa em confinamento e com medidas restritivas

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Violeta Santos Moura - Reuters

Pelo segundo ano consecutivo, a Páscoa será diferente do habitual, com a maioria dos países europeus em confinamento ou com medidas de restrição em vigor. Em contraciclo com Portugal, onde se dá início ao desconfinamento, por toda a Europa regressam as medidas mais apertadas para controlar os números elevados que se registam diariamente. Em França entra-se no terceiro confinamento e em Itália foi decretado um confinamento de três dias para evitar os ajuntamentos durante a Páscoa.

Contrariamente ao cenário atual português, na restante europa a curva epidémica está em sentido crescente, com os números de infeções e mortes a aumentarem a cada dia – uma situação descrita pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “preocupante”.

São vários os países onde os hospitais estão nesta altura a viver sob enorme pressão, com um aumento substancial de internados por Covid-19.

É, por exemplo, o caso de França, onde os hospitais já sentem uma enorme pressão com o aumento de casos. Na sexta-feira, o número de doentes graves internados em unidades de cuidados intensivos (UCI) aumentou em 145, o maior aumento em cinco meses. No mesmo dia registaram-se 46.677 casos positivos e 304 mortes.
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Para fazer face a esta terceira vaga, França entra no terceiro confinamento geral que se vai prolongar durante um mês. Todas as escolas e lojas não essenciais vão fechar durante quatro semanas e há recolher obrigatório entre as 19h00 e as 6h00.
Itália em confinamento por três dias
Em Itália foi igualmente imposto um confinamento de três dias, até segunda-feira, para prevenir os ajuntamentos durante a Páscoa.

Nestes três dias da Semana Santa, todas as regiões italianas estão na chamada “zona vermelha” – o nível mais alto de restrições – já que o país regista cerca de 20 mil novos casos por dia.

A deslocação entre regiões está proibida, embora sejam permitidas pequenas deslocações apenas por exigências familiares. Cada família está autorizada a fazer uma refeição neste domingo de Páscoa com duas outras pessoas de fora da região. Apenas podem sair dentro de certas faixas horárias e apenas uma vez por dia.

As igrejas estão abertas, embora a população tenha sido instruída a apenas atender a cerimónias religiosas nas suas regiões.

Pelo segundo ano consecutivo, o Papa Francisco apresentará a sua mensagem pascal perante uma Praça de São Pedro vazia.
Alemães protestam contra medidas
Na Alemanha, ao contrário do que se tinha planeado, o país não parou por completo na semana da Páscoa. A chanceler alemã, que tinha proposto cinco dias de bloqueio total com o encerramento até dos supermercados para conseguir conter os novos casos de contágio, acabou por não conseguir convencer os governadores dos Estados federados.

Angela Merkel reconheceu que foi um erro comunicar a semana de paralisação na Páscoa com tão pouca antecedência e acabou a pedir desculpa aos alemães.

A chanceler alemã lamentou na quinta-feira que a Páscoa tenha começado pelo segundo ano consecutivo sob o signo da pandemia após meses de "grandes restrições" e garantiu que compreende a "grande deceção" que isso significa.

No sábado, milhares de pessoas participaram em protestos em várias cidades alemãs contra as restrições impostas pela pandemia. A maior concentração de pessoas ocorreu em Estugarda, no sul da Alemanha, que tem sido palco, nos últimos meses, de grandes marchas contra as medidas para controlar a Covid-19.

Apesar de a Alemanha ter registado, esta semana, uma ligeira queda na incidência semanal de contágio, os números continuam elevados, com 120 mortes e mais de 18 mil casos registados no sábado.
E na Europa de Leste?
A Europa de Leste conseguiu escapar, em grande parte, ao pior da pandemia em 2020, mas o quadro mudou drasticamente este ano, com vários países a registarem números recorde de infeções e mortes nas últimas semanas.

Na Polónia, as autoridades reconhecem que se está a viver o momento “mais difícil” da pandemia, enquanto o país luta contra números de infeções que são 60 vezes superiores ao registados na primavera do ano passado.

As escolas e o comércio voltaram a encerrar, mas as igrejas permanecem abertas nesta Páscoa, embora para um número limitado de fiéis. Os polacos conseguiram manter algumas das tradições pascais.

Na Hungria, o primeiro-ministro Viktor Orban avisou no final de março que não há espaço para aligeirar as medidas de restrições que estão em vigor. O país tem uma das taxas de mortalidade por Covid-19 mais elevadas do mundo. Com uma população de 9,7 milhões, a Hungria registou mais de 21.000 mortes associadas ao novo coronavírus e regista centenas de mortos todos os dias.

Ao mesmo tempo, a Hungria está entre os países da Europa com as maiores taxas de vacinação. Mais de um em cada cinco húngaros já recebeu a primeira dose da vacina. O paradoxo pode ser explicado pelas elevadas taxas de cancro e de doenças cardíacas no país, bem como pela elevada taxa de mortalidade entre as pessoas infetadas por Covid-19 que necessitam de ventilação.

Na Ucrânia também se têm registado números recorde da pandemia. Cerca de 400 pessoas morrem todos os dias por Covid-19 e no sábado registou-se um novo máximo diário de infeções, com 20.341 novos casos.

As medidas de restrição variam em todo o país, mas na maior parte da região oeste e na capital foi decretado um confinamento geral a partir da próxima segunda-feira, para vigorar até, pelo menos, dia 16.

Além do encerramento de todas as escolas e jardins de infância, o serviço de transporte público vai também ser reduzido e as viagens para fora da cidade estão apenas autorizadas para os trabalhadores em indústrias essenciais.

A República Checa, embora esteja numa fase decrescente dos números, continua a ser o país que, em termos relativos, apresenta o maior número de mortes em relação à sua população, com 251 mortes por 100 mil habitantes.

As autoridades apelaram à população para que respeitem as restrições durante a Páscoa para que se consiga cumprir o plano e fazer com que as crianças regressem às aulas presenciais dentro de uma semana.

c/agências
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