Covid-19. Espanha já cancelou 2796 aulas desde o início do ano letivo

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Em Madrid, o número de aulas suspensas passou de 168 na passada sexta-feira, para 832 na quarta-feira Sergio Perez - Reuters

O ano letivo para a maioria dos alunos em Espanha começou há duas semanas e 2796 aulas foram já suspensas como medida preventiva, após a deteção de casos positivos em alunos e professores.

O Ministério da Educação de Espanha afirma que a proporção de aulas suspensas não chega a um por cento do total e garante que o número de alunos em ensino à distância permanece em níveis razoáveis para uma evolução relativamente normal do ano letivo, dadas as circunstâncias excecionais estabelecidas pela pandemia.

No entanto, as aulas a partir de casa pressupõem um problema para muitas famílias.

De acordo com os cálculos do jornal espanhol El País, considerando que cada turma tem, em média, 15 alunos, a soma de todos os alunos a ter aulas a partir de casa ultrapassa os 40 mil. Entre este total encontram-se crianças ainda pequenas que exigem a presença dos pais ou de um adulto para o acompanhamento.

“No meu caso é um transtorno porque trabalhamos os dois”, disse Carme Domènech, mãe de uma aluna de seis anos cujas aulas presenciais foram canceladas na quarta-feira. “Na medida do possível, eu trabalho à distância e o meu marido fica com o turno da tarde. Desta forma, apenas afeta parte do meu dia, em que tenho de conciliar o meu trabalho com a função de mãe”, acrescentou.

“O desempenho é, sem dúvida, mais baixo. Mas na turma da minha filha há casos piores, de pais que têm de ir trabalhar presencialmente e têm perguntado se podem pedir baixa. E também estou preocupada com a educação da minha filha, sobretudo porque acho que isto vai acontecer mais vezes e não vai ser um ano letivo normal”, disse Domènech a El País.
Madrid com maior percentagem de aulas canceladas
Para além de ser a comunidade espanhola mais afetada pela pandemia, Madrid é também a região com a maior percentagem de alunos em telescola.

De acordo com El País, foram canceladas 832 aulas em Madrid, o que corresponde a uma percentagem de 1,4 por cento. Segue-se a Catalunha, com 602 aulas suspensas e o País Basco, com 268. No caso concreto de Madrid, o número de aulas suspensas passou de 168 na passada sexta-feira, para 832 na quarta-feira.

Apesar desta evolução, o Ministério da Educação continua a sublinhar que os números se mantêm num nível razoável. Destaca comunidades como Navarra e Aragão, onde as turmas que foram colocadas de quarentena já começaram a regressar às escolas. No geral, é transmitida a mensagem de que o principal objetivo é manter o máximo possível de aulas presenciais até ao final do ano letivo.

No entanto, os sindicatos contestam o Ministério da Educação e alertam que os números reais de infeções por Covid-19 nas escolas podem chegar ao triplo dos oficiais.

Espanha é, desde o início da pandemia, um dos países europeus mais afetados pela Covid-19, e durante o verão os números continuaram a aumentar. Ainda assim, e com mais de meio milhão de infetados em todo o país, cerca de 8,3 milhões de crianças e jovens iniciaram um novo ano letivo a 7 de setembro.

Na quarta-feira, Espanha registou 11.289 novos casos de covid-19, dos quais quase um terço em Madrid, elevando para 693.556 o número total de infetados até agora. O país contabilizou ainda mais 130 mortes com a doença, aumentando o total de óbitos para 31.034.
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