Os testes rápidos de diagnóstico do novo coronavírus, prometidos pelo Governo espanhol, chegaram esta segunda-feira. São mais de 640 mil kits para diagnosticar a infeção e vão ser distribuídos de "forma equitativa" entre as comunidades autónomas de Espanha.
O número de pessoas diagnosticadas com Covid-19 não pára de crescer todos os dias em Espanha e as mortes já ultrapassam as duas mil. Por isso, o Governo de Pedro Sánchez anunciou no sábado que pretende seguir o exemplo de países como a Alemanha e a Coreia do Sul, adotando a política de "testar" recomendada pela Organização Mundial de Saúde para conter a propagação da pandemia.
De acordo com as autoridades de saúde espanholas, foram adquiridos "quatro robôs que vão permitir fazer até 80 mil testes por dia" - quase quatro vezes mais testes diários do que os que têm sido realizados em Espanha até agora.
A questão é que, embora nos últimos dias se tenha feito entre 15 a 20 mil testes diários, as autoridades de saúde não consideram ser suficientes, alegando que devem existir muitos mais casos de infeção pelo novo coronavírus do que os confirmados neste momento.
Raquel Yotti, diretora do instituto público de investigação em saúde Carlos III, esclareceu que uma das prioridades no país é ter "técnicas eficazes de diagnóstico rápido contra o coronavírus e a Covid-19". Por essa razão, as autoridades espanholas adquiriram "640 mil testes rápidos" que permitem detetar a infeção em apenas 15 minutos, lê-se no jornal El País.
Mais testes para acabar com "cegueira diagnóstica"
Os primeiros destinatários destes testes são os profissionais de saúde - uma vez que estão mais expostos e têm maior risco de ser infetados por contágio - e os idosos que vivem em lares - visto que são grupo de risco.
A verdade é que, de acordo com as autoridades, cerca de 12 por cento dos infetados pelo novo coronavírus são profissionais de saúde e funcionários de instituições hospitalares ou de repouso.
Com a aquisição destes novos testes, o Governo pretende mudar de estratégia no combate à propagação da Covid-19 e seguir as medidas de "testar, testar, testar" da OMS. O objetivo, segundo o jornal espanhol, é minimizar a atual "cegueira diagnóstica" que impede que se saiba a real incidência da epidemia no país.
Manuel Cuenca, do Instituto de Saúde Carlos III, explicou que estes são testes antigénicos, que detetam outras partes do vírus para além do material genético.
"São testes que vêm com um certificado, mas estamos a fazer testes extras para verificar a sua eficácia, que, embora um pouco menor que a PCR, é muito alta", disse.
"São testes que vêm com um certificado, mas estamos a fazer testes extras para verificar a sua eficácia, que, embora um pouco menor que a PCR, é muito alta", disse.
Segundo o especialista, este tipo de teste, mais rápido, funciona quase como um "teste de gravidez": o diagnóstico rápido pode ser positivo, negativo ou inconclusivo.
Assim, à semelhança dos testes de gravidez, as faixas de cores mais acentuadas ou mais fracas aparecem conforme a quantidade de antigénios - se estiver baixo significa que a carga viral é baixa e, portanto, duvidosa. Por isso, o teste pode ser repetido após 24 horas ou pode recorrer-se a um teste de PCR para confirmação.
Assim, à semelhança dos testes de gravidez, as faixas de cores mais acentuadas ou mais fracas aparecem conforme a quantidade de antigénios - se estiver baixo significa que a carga viral é baixa e, portanto, duvidosa. Por isso, o teste pode ser repetido após 24 horas ou pode recorrer-se a um teste de PCR para confirmação.
Rastreios a pessoas com sintomas leves continuam
Algumas das comunidades autónomas - como a Andaluzia e a Galiza - não esperaram que chegassem estes testes rápidos e começaram a acelerar a colheita de amostras de pacientes com sintomas leves. Estes rastreios são realizados com testes de PCR (reação em cadeia da polimerase) sem que as pessoas com suspeita de infeção tenham de sair do carro.
Este sistema começou na Coreia do Sul e também foi adotado pela Alemanha para o diagnóstico em massa da população, com objetivo de agilizar o processo e economizar equipamentos de proteção.
Entretanto, o Governo espanhol encomendou mais seis milhões destes testes, realizados também nos hospitais, de forma a alargar os rastreios a toda a população.