Covid-19. Confirmado cientificamente vínculo entre infecção e complicações na gravidez
Um estudo a mais de 2100 mulheres grávidas, internadas entre março e outubro de 2020 em 43 centros médicos de 18 países, da Rússia ao Brasil e à Índia, comprovou em larga escala o impacto negativo da Covid-19 na gravidez.
Riscos comprovados
Para esta investigação foram inscritas grávidas num rácio de duas gestantes sem infeção por cada uma infetada com o SARS-CoV-2, internadas no mesmo hospital e com tempos de gravidez equivalentes. Ambos os grupos – 706 grávidas com infeção Covid-19 confirmada e 1424 sem infeção – foram seguidos até ao parto e depois da alta hospitalar.
Onze gestantes com Covid-19 morreram comparativamente a apenas uma no grupo de controlo.
O estudo também ligou a Covid-19 ao aumento entre 60 e 97 por cento de parto prematuro, sobretudo em países com sistemas de saúde mais rudimentares e, em mulheres febris ou dificuldades respiratórias, apontou um risco cinco vezes acrescido de complicações neonatais, incluindo pulmões imaturos, lesões cerebrais e problemas oculares.
Cerca de 13 por cento dos bebés testaram positivo ao SARS-CoV-2, com o parto por cesariana a aumentar os riscos de transmissão do vírus. Este não foi passado pelo leite materno.
Vacinação prioritária
Para Papageorghiou, o novo estudo confirma argumentos a favor da inclusão das grávidas nos grupos prioritários de vacinação contra a Covid-19. Em março de 2021, ficou comprovado que as vacinas da Pfizer e da Moderna fazem aumentar de forma segura o número de anticorpos à Covid-19 em gestantes e que a imunização é transmitida via placenta e leite materno.
Nos Estados Unidos, o Centro de Prevenção e Controlo de Doenças, CDC, incluiu a gravidez nas condições médicas de risco elevado com prioridade para a vacinação, mas nem todos os Estados seguem a indicação.
O Reino Unido, o Chile e o Brasil incluíram em abril as grávidas nos grupos prioritários de vacinação. As autoridades brasileiras e britânicas recomendam ainda o adiamento da gravidez, devido à agressividade do vírus em gestantes.
O Serviço Nacional de Saúde refere que “a administração da vacina em mulheres grávidas deve ser avaliada pelo médico assistente, de acordo com a relação benefício-risco.” A DGS admite por exemplo a vacinação com a vacina da AstraZeneca, proibida esta terça-feira a grávidas no Brasil.