O ensaio de um comprimido antiviral da Pfizer contra a Covid-19 permitiu estimar em 89 por cento a redução do risco de hospitalização ou morte causadas pelo SARS-CoV-2. Os resultados dizem respeito a adultos em risco de desenvolverem formas severas da doença gerada pelo novo coronavírus, anunciou esta sexta-feira a farmacêutica.
Estes resultados parecem superar aqueles que foram alcançados com o comprimido da farmacêutica Merck & Co, o molnupiravir. Em outubro, este fármaco revelou-se eficaz a diminuir para metade o risco de morte ou hospitalização associadas à Covid-19. O universo testado foi agora o mesmo: doentes em alto risco de desenvolverem as piores versões da doença receberam o futuro Paxlovid, em cominação com um anti-viral mais antigo, o ritonavir.
O valor das ações da Pfizer aumentou entretanto em 13 por cento, para 49,47 dólares, ao passo que os títulos da Merck caíram em seis por cento, para os 84,69 dólares.
Por agora, continua por disponibilizar a totalidade dos dados dos ensaios de ambas as empresas farmacêuticas.
Segundo a agência Reuters, a Pfizer pretende submeter estes primeiros resultados - ainda preliminares - ao regulador norte-americano, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) ao abrigo do processo de utilização de emergência aberto em outubro.
Três comprimidos, duas vezes por dia
O tratamento com o Paxlovid pressupõe a toma de três comprimidos, duas vezes por dia.
O estudo conduzido pela Pfizer abarcou 1219 doentes, incidiu sobre os índices de hospitalização e morte de diagnosticados com formas ligeiras a moderadas da Covid-19 e pelo menos um fator de risco para o desenvolvimento de doença severa. Exemplos: obesidade ou idade avançada.
Foi possível concluir que foram hospitalizados 0,8 por cento dos doentes que receberam o tratamento com comprimidos da Pfizer ao fim de três dias do começo dos sintomas. Não houve mortes ao cabo de 28 dias de tratamento. Houve resultados semelhantes em doentes tratados ao fim de cinco dias de sintomas: um por cento do grupo foi hospitalizado, por comparação com 6,7 por cento entre os que receberam um placebo - morreram, neste caso, dez pessoas.
“Estes dados sugerem que o nosso candidato antiviral oral, se for aprovado pelas autoridades regulatórias, tem o potencial para salvar doentes”, enfatiza o administrador da Pfizer Albert Bourla, para acrescentar que o medicamento em causa permitirá eliminar nove em dez potenciais hospitalizações.
A Pfizer espera produzir mais de 180 mil embalagens do medicamento até ao final de 2021 e pelo menos 50 milhões até ao término de 2022. Vinte e um milhões de embalagens seriam produzidas no primeiro semestre do próximo ano.
A farmacêutica norte-americana está também a tentar perceber se este comprimido contra a Covid-19 pode ser dado a pessoas sem fatores de risco, bem como ser utilizado como ferramenta de prevenção de contágio.
c/ agências