Uma empresa alemã está a ser alvo de uma intensa campanha de aliciamento da Administração Trump, que pretende garantir direitos exclusivos sobre a investigação até aqui levada a cabo para desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus. As diligências norte-americanas têm vindo a causar mal-estar nas relações entre EUA e Alemanha.
Uma notícia hoje publicada no jornal alemão Welt am Sonntag cita o Ministério Federal da Saúde, que confirmou os esforços da Administração Trump para obter uma posição na firma alemã CureVac, sediada na cidade Tübingen. Um porta-voz do Ministério declarou também que é política do Governo Federal desenvolver uma vacina na Alemanha e na Europa.
As iniciativas dos EUA para se apoderar da empresa que tem trabalhado no projecto deuma vacina para o Covid-19, bem como as ofertas financeiras muito aliciantes que a Administração norte-americana tem dirigido a cientistas alemães causam preocupação na Alemanha, como sinal de que os EUA procuram garantir para si próprios o monopólio sobre a vacina logo que ela esteja pronta a utilizar.
De acordo com a imprensa alemã, a Alemanha está a tentar manter a empresa através de novas ofertas financeiras.
A CureVac tem trabalhado no projecto de vacina sob a égide do Instituto Paul Ehrlich, de carácter oficial. Se a pressão financeira da Administração Trump tivesse êxito, isso implicaria uma ruptura de compromissos da CureVac com o Estado alemão e, segundo a análise da revista Der Spiegel, uma crise séria nas relações bilaterais entre EUA e República Federal Alemã.
Segundo o diário britânico The Guardian, a Administração Trump conseguiu pelo menos aliciar Daniel Menichella, cidadão norte-americano que era, até há quatro dias presidente do Conselho de Administração da CureVac. Este tivera no início de março uma reunião na Casa Branca com Trump, Pence e membros da task force norte-americana para o Covid-19. E, em 11 demarço, anunciou inesperadamente a sua demissão e deixou o cargo na CureVac.
"América primeiro" não se aplica no combate ao vírus
Segundo declarações citadas na manager magazine, a vice-presidente da bancada parlamentar social-democrata, Bärbel Bas, reagiu com dureza à notícia sobre as diligências norte-americanas para monopolizar o controlo da vacian: "Trata-se de uma questão ética, não uma questão económica ou sequer nacional. Se há uma vacina, ela deve ficar à disposição de todos. Qualquer outra coisa seria um escândalo. Uma pandemia diz respeito a toda a gente e não a 'America first'"
Lembrando que ainda há poucos dias o Governo Federal injectou 140 milhões de euros no projecto de vacina, Bas concluiu: "Em conjunto com a empresa de Tübingen CureVac, o Governo Federal tem de fazer tudo para que a vacina desenvolvida fique ao alcance de toda a gente".
Lembrando que ainda há poucos dias o Governo Federal injectou 140 milhões de euros no projecto de vacina, Bas concluiu: "Em conjunto com a empresa de Tübingen CureVac, o Governo Federal tem de fazer tudo para que a vacina desenvolvida fique ao alcance de toda a gente".