A Europa tem de se apressar a tomar novas e mais eficazes medidas para conseguir evitar uma segunda vaga do novo coronavírus neste outono e inverno. Quem o diz é a agência da União Europeia para as doenças infeciosas, numa altura em que muitos Estados-membros veem o número de novos casos diários a aumentar sem dar tréguas. Apesar de os hospitais e profissionais estarem agora melhor preparados para a pandemia, as baixas temperaturas e a expectável gripe sazonal ameaçam o até agora estável número de mortes no Continente Europeu.
No entanto, numa altura em que o confinamento foi levantado e em que o regresso às aulas e ao trabalho se normaliza, os novos casos diários voltaram a atingir recordes em vários países e as autoridades europeias para a saúde estão a ficar preocupadas.
“Em alguns Estados-membros, a situação atual é até pior do que durante o pico de março”, lamentou esta quinta-feira a comissária da União Europeia para a Saúde, Stella Kyriakides. “É abundantemente evidente que esta crise não foi ultrapassada. Estamos num momento decisivo”.
O mais recente boletim do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (CDC) revela um “aumento preocupante” de casos de Covid-19 na Europa desde agosto, atribuído principalmente ao “aguardado e necessário levantamento de restrições durante o início do verão”.
Em Portugal, foram esta quinta-feira contabilizados mais três mortos devido à Covid-19 e 691 novos casos de infeção, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS). Desde o início da pandemia, o país já registou 1.931 mortes e 71.156 casos de infeção.
O número de internamentos continuou a subir nas últimas 24 horas, registando-se mais 17, num total de 588 doentes internados com Covid-19. Nas unidades de cuidados intensivos estão agora internadas 85 pessoas contagiadas.
Espanha é país europeu com maior total acumulado de infeções
Portugal não é, porém, o caso mais preocupante neste momento quando se olha para o quadro europeu. Espanha ultrapassou esta quinta-feira os 700 mil infetados, com 10.653 novos casos nas últimas 24 horas, 40 por cento dos quais concentrados na região de Madrid.
Madrid continua, aliás, a ser a comunidade autónoma com o maior número de infeções. Das 1.310 pessoas que deram entrada em hospitais espanhóis no último dia, 486 fizeram-no em Madrid, 145 na Andaluzia, 110 em Castela e Leão e 104 na Catalunha.
O ministro espanhol da Saúde, Salvador Illa, advertiu esta quinta-feira que "vêm aí semanas difíceis" na Comunidade de Madrid e instou a agir "com determinação" para assumir o controlo da pandemia.
Desde segunda-feira que quase um milhão de pessoas na capital espanhola e arredores estão sujeitas a restrições rigorosas dos seus movimentos durante duas semanas.
As mais de 850 mil pessoas atingidas (de um total de 6,6 milhões de habitantes na região) estão proibidas de sair da sua zona de residência, exceto por razões muito específicas: para ir trabalhar ou estudar, para visitar um médico, para responder a convocação jurídica ou para cuidar de pessoas dependentes.
Reino Unido e França com novos recordes diários
Também o Reino Unido tem levantado preocupações entre os especialistas em saúde pública. Nas últimas 24 horas, o país registou 6.634 novas infeções, um novo recorde diário, e 40 mortes devido à Covid-19.
O total acumulado desde o início da pandemia no Reino Unido passou, assim, para 416.363 casos de contágio e para 41.902 óbitos.
Um dos casos mais graves no último dia na Europa é, ainda assim, o de França. Foram mais de 16 mil os novos casos de ontem para hoje, o que significa o recorde de pessoas infetadas num só dia desde o início da pandemia nesse país.
O total de casos confirmados através de teste em França passa, assim, para 497.237. Ainda nas últimas 24 horas, houve 52 mortes devido ao novo coronavírus, elevando o número total para 31.511.
Os hospitais da região parisiense anunciaram esta quinta-feira que vão começar a adiar novamente as operações não urgentes devido ao aumento do número de casos na capital. Por outro lado, a região de Marselha vai tentar travar a imposição governamental do fecho dos restaurantes nos próximos 15 dias anunciada na quarta-feira pelo ministro da Saúde.
Itália mantém escalada de mortes diárias
Ainda no continente europeu, Itália mantém a escalada no número de mortes diárias, com mais 23 nas últimas 24 horas, para um total de 35.781. Esta subida confirma uma tendência do aumento diário de óbitos no país que já foi o foco da pandemia na Europa.
Foram ainda registados mais 1786 casos do que no dia anterior, elevando para 304.323 o valor total desde o início da pandemia. O número de casos ativos é neste momento de 46.780, com 2.731 pessoas internadas, mais 73 do que na quarta-feira.
As regiões mais afetadas nas últimas 24 horas foram Véneto, com 248 novas infeções, e Lazio, com 230 novos casos.
c/ agências