31 de dezembro de 2019. A Comissão Municipal de Saúde de Wuhan, na província de Hubei, reportou 27 casos de uma pneumonia de causa desconhecida. Todos os casos estavam ligados a um mercado de alimentos e animais vivos (peixe, mariscos e aves) em Wuhan.
9 de janeiro de 2020. O Centro de Prevenção e Controlo das Doenças da China informa que um novo coronavírus, SARS-CoV-2 agora denominado cientificamente de Covid-19, foi detetado como agente causador de 15 dos 59 casos de pneumonia.
Até à data, o surto continua em investigação. O Covid-19 espalhou-se pelo mundo. Há já mais de quatro mil vítimas mortais e milhares de infetados.
Está nesta altura comprovado que o novo coronavírus é transmitido de pessoa para pessoa.
Ainda não há informação suficiente sobre a forma exata de transmissão entre humanos, mas o vírus parece ser transmitido por via respiratória, através de pequenas gotículas do nariz ou da boca expelidas por tosse, espirros ou secreções de pessoas infetadas. Por isso, a OMS considera importante manter uma distância superior a um metro (ou seja, três pés) de uma pessoa doente.
Essas gotículas podem também permanecer em objetos e em superfícies. Se as pessoas tocarem ou tiverem contacto com esses objetos ou superfícies contaminadas e depois tocarem nos olhos, no nariz ou na boca, podem ficar infetadas.
Os estudos realizados sugerem que o vírus que causa a doença denominada Covid-19 é transmitido principalmente pelo contato com gotículas respiratórias e não pelo ar.
Há indicação de que pode haver transmissão do vírus mesmo antes de os sintomas se manifestarem.
O risco de transmissão através das fezes também é uma possibilidade, embora seja mínimo. As investigações iniciais sugeriam que o vírus podia estar presente nas fezes em alguns casos, mas não é a forma de transmissão principal.
O vírus sobrevive ao encontrar um “hospedeiro” e usa as suas células vivas para se replicar. Quando um vírus invade um hospedeiro, entra nas células e “sequestra” os sistemas naturais de produção de células para fazer novas cópias de si próprio – ou seja, replica-se.
Este processo de replicação pode resultar em pequenos erros ou alterações na produção dos novos vírus, levando a uma mutação.
As pessoas infetadas com coronavírus podem apresentar, principalmente, sinais e sintomas de infeção respiratória aguda como febre, tosse, tosse seca, cansaço, dores musculares e dificuldade respiratória. Nos casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos, septicemia e eventual morte - até agora, só 3,4 por cento dos doentes morreram com Covid-19.
Alguns doentes podem ter também congestão e corrimento nasal, dor de garganta ou diarreia. Contudo, todos estes sintomas são normalmente leves e aparecem gradualmente.
Algumas pessoas, no entanto, estão infetadas mas não apresentam sintomas nem se sentem mal. E a maioria das pessoas (cerca de 80 por cento) recupera da doença sem necessitar de um tratamento especial.
Todas as pessoas, de todas as idades, podem ser infetadas pelo novo coronavírus.
Contudo, as pessoas com mais idade, com condições subjacentes ou doenças crónicas – como, por exemplo, asma e doenças respiratórias, diabetes, hipertensão, distúrbios cardíacos ou distúrbios hepáticos – parecem ser mais vulneráveis e correm um risco maior de desenvolver sintomas mais graves
Uma vez que a transmissão ocorre através de gotículas e das vias respiratórias, a prevenção passa essencialmente por medidas de higiene e etiqueta respiratória. O vírus entra no corpo através dos olhos, nariz e boca, portanto, evite tocá-los com as mãos não lavadas.
Nas áreas afetadas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda medidas para reduzir a exposição e transmissão da doença:
Uma forma de prevenir e evitar a transmissão do vírus: em caso de dúvida, fique em casa, se não se sentir bem ou apresentar algum sintoma, e contacte o SNS24. E, caso desenvolva febre, tosse ou dificuldade respiratória, procure orientação médica imediatamente.
Os coronavírus são uma larga família de vírus, identificadas em 1960, que vivem noutros animais (por exemplo, aves, morcegos, pequenos mamíferos) e que no ser humano podem causar doenças respiratórias, desde uma comum constipação até pneumonias. Podem transmitir-se entre animais e pessoas. A maior parte das estirpes de coronavírus circulam entre animais e não chegam sequer a infetar seres humanos.
Apenas seis estirpes de coronavírus entre os milhares existentes são transmitidas para pessoas.
A origem exata do vírus SARS-CoV-2, ainda não foi confirmada, mas os investigadores que analisam o material genético identificaram fortes semelhanças com os coronavírus de morcegos. Segundo a plataforma GISAID, o genoma do novo coronavírus é 80% idêntico ao vírus da SARS, mas mais afastado do vírus MERS.
Até agora, apenas sete estirpes de coronavírus afetaram humanos:
São frequentemente associados a constipações comuns e responsáveis por doenças respiratórias leves que são naturalmente combatidas pelo próprio sistema imunitário.
Estes tipos de vírus são transmitidos de pessoa para pessoa e levam ao aparecimento de sintomas típicos de uma constipação comum ou de pneumonia leve, dependendo do sistema imunitário da pessoa.
O novo coronavírus, SARS-CoV-2, é da mesma família do vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) e da Síndrome Respiratória do Médio Oriente (MERS).
São infeções respiratórias graves em que é necessário que a pessoa seja hospitalizada para prevenir mais complicações.
Estes vírus são transmitidos de animais para as pessoas, o que acaba por desencadear uma resposta imunológica e inflamatória mais grave.
Além disso, a gravidade da infeção por esses vírus pode estar relacionada com o sistema imunitário da pessoa. É mais comum de surgir em indivíduos com um sistema imunitário comprometido devido a doenças crónicas, como o HIV, ou devido ao tratamento para o cancro, por exemplo, principalmente no caso do vírus MERS-CoV.
O primeiro caso de infeção pelo MERS-CoV foi na Arábia Saudita em 2012. No entanto, o vírus passou rapidamente para outros países do Médio Oriente. Na altura, ficou conhecido por síndrome respiratória do Médio Oriente
Já o primeiro caso descrito de infeção pelo SARS-CoV foi em 2002 na Ásia. O vírus foi logo associado à infeção respiratória aguda grave por conseguir espalhar-se rapidamente entre a população.
Alguns tipos de coronavírus são zoonóticos, ou seja, podem ser transmitidos de animais para humanos.
Na SARS, os morcegos foram a origem mais provável do vírus, que se espalhou para os gatos-da-algália, que eram vendidos para confeção de alimentos.
As pessoas que estavam em contacto ou se alimentavam destes animais exóticos foram infetadas. O vírus espalhou-se depois por transmissão de humano para humano.
No caso do MERS, o vírus é provavelmente originário dos morcegos, passou para os dromedários e depois para os humanos.
Os vírus animais podem sofrer mutações ou combinar-se com outros vírus para criar novas estirpes capazes de serem transmitidas para as pessoas. Com o SARS-CoV-2, não é claro se este foi transmitido de morcegos para humanos ou se passou através de uma espécie intermediária.
Alguns cientistas dizem que o novo coronavírus é o resultado da recombinação viral - um processo em que mais de um vírus infecta a mesma célula ao mesmo tempo e cria uma estirpe de vírus "recombinante".
SARS 2002: 9,6%
MERS 2012: 34,4%
Ébola 2014-2016: 40%
Covid-19*: 2% a 4%
*estimativa | Saber mais aqui.
Fontes: Organização Mundial de Saúde (WHO); Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC); Centro de Prevenção e Controlo das Doenças (CDC); Comissão Nacional de Saúde da República Popular da China; GISAID; Direção Geral de Saúde; Washington Post; China Morning Post; cienceMag.org; virological.org; ncov.dxy.cn; worldometers.info; Lusa; Reuters