Coreia do Sul. "Nada de anormal foi observado no trem de aterragem"

por Cristina Santos - RTP
Reuters

O presidente da companhia aérea Jeju Air garantiu esta terça-feira que a inspeção pré-voo ao avião, horas antes de cair na Coreia do Sul, não detetou "qualquer problema".

Questionado sobre os procedimentos de segurança, o responsável da Jeju Air afirmou que o avião não teria sido autorizado a descolar se a equipa de manutenção não tivesse aprovado a sua segurança.

Kim Yi-bae assegurou ainda que os pilotos foram treinados de acordo com os regulamentos e que a empresa tem dois simuladores de voo completos. Durante a conferência de imprensa, ele reconheceu que, nos últimos cinco anos, a Jeju Air foi a companhia aérea coreana que mais multas teve que pagar e mais ações administrativas teve que enfrentar.
Ainda assim prometeu empenho em reforçar os procedimentos de segurança e manutenção da empresa, acrescentando que “o nosso objetivo é reparar a vossa confiança em nós, fortalecendo as nossas medidas de segurança”.

O avião viajava de Bangkok com 181 pessoas a bordo quando fez uma aterragem forçada (sem trem de aterragem) no Aeroporto Internacional de Muan, no domingo. Apenas duas pessoas, dois elementos da tripulação, sobreviveram.

As investigações decorrem em duas frentes: identificar as vítimas e descobrir a causa deste acidente aéreo (o pior de sempre na Coreia do Sul). As duas caixas negras do avião estão a ser analisadas – o gravador de voz da cabine e o gravador de dados de voo. No entanto, a segunda caixa negra tem um problema que está a dificultar o trabalho dos investigadores na extração dos dados o que pode prolongar as dúvidas.
Os peritos tentam perceber por que razão o trem de aterragem do Boeing 737-800 não desceu no momento da aterragem. Eles também estão a analisar duas possibilidades: a colisão com aves e as condições climatéricas.

As autoridades também querem saber se o muro no final da pista e contra o qual o avião chocou cumpre os regulamentos.
Crédito: Reuters

A pista do Aeroporto Internacional de Muan vai continuar fechada por mais uma semana, enquanto as equipes forenses recolhem destroços do aparelho e restos mortais das vítimas.
Garantias de segurança e a fúria de familiaresEm conferência de imprensa esta terça-feira, o CEO da companhia aérea, Kim Yi-bae, anunciou que a Jeju Air vai reduzir as operações aéreas durante o inverno em 10 a 15 por cento. O objetivo é intensificar a manutenção nos aviões, sem que a empresa admita que está a operar demasiados aparelhos.
Kim Yi-bae anunciou também que a companhia aérea está a preparar uma compensação de emergência para as famílias das vítimas e vai pagar as despesas com os funerais. O dinheiro vai ser enviado em breve às famílias, antes que o processo dos seguros esteja concluído.
Crédito: Reuters

Centenas de familiares acamparam no aeroporto de Muan, furiosos por ainda não terem visto os corpos das vítimas. O processo de identificação dos corpos é um desafio, admitem as autoridades, uma vez que as pessoas a bordo ficaram gravemente queimadas no incêndio após o acidente.

Os 179 passageiros tinham idades entre os três e os 78 anos, embora a maioria estivesse na faixa dos 40, 50 e 60 anos, segundo a agência de notícias Yonhap. 

Dois cidadãos tailandeses estão entre os mortos e acredita-se que os restantes sejam sul-coreanos.
PUB