Coreia do Norte lança novo míssil balístico em direção ao Mar do Japão

por RTP
O S-200 ou SA-5 é um míssil terra-ar que "a Rússia utilizou recentemente na guerra na Ucrânia", observaram os militares sul-coreanos Yonhap via EPA

A Coreia do Norte lançou esta quarta-feira pelo menos um míssil balístico em direção ao Mar do Japão, depois de ter disparado mais de 30 projéteis na semana passada. Horas antes da confirmação, o Governo da Coreia do Sul garantiu ter recuperado os fragmentos de um outro míssil norte-coreano lançado há uma semana, cuja análise mostrou um projétil semelhante ao S-200 russo, usado recentemente na Ucrânia.

Em comunicado, o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul afirmou que Pyongyang disparou um "míssil balístico de tipo desconhecido no Mar Oriental". Também a guarda costeira japonesa informou que o míssil atingiu a água, fora da sua zona económica exclusiva (ZEE) e, segundo avança a agência de notícias nipónica Kyodo, o lançamento não causou quaisquer danos.

Já no domingo, a marinha sul-coreana encontrou um fragmento do míssil de três metros de comprimento e dois metros de largura nas águas da ZEE, no mar do Japão (conhecido como mar Oriental nas duas Coreias). Segundo as autoridades de Seul, os destroços analisados "mostraram tratar-se de um míssil norte-coreano SA-5 (designação da NATO para o S-200) em termos do aspeto e características".

O S-200 ou SA-5 é um míssil terra-ar de longo alcance que "a Rússia utilizou recentemente na guerra na Ucrânia", observaram os militares sul-coreanos.

A Coreia do Norte terá disparado, adiantam fontes sul-coreanas, pelo menos 33 mísseis de vários tipos entre 2 e 5 de novembro, em resposta a manobras aéreas de Seul e Washington, as maiores do género dos dois aliados nos últimos cinco anos.
Antecedentes perigosos

No dia 2 de novembro, Seul informou que foi detetado o lançamento de três mísseis balísticos de curto alcance, a partir da costa oriental, tendo um deles caído no mar, a apenas 57 quilómetros a leste da cidade costeira sul-coreana de Sokcho. Esta foi a primeira vez, desde a divisão da península, que um míssil norte-coreano atravessou a Linha Limite Norte, que divide as águas dos dois países, para cair nas águas da ZEE sul-coreana.

Este míssil, contudo, foi apenas um dos mais de 30 que a Coreia do Norte disparou entre quarta-feira e sábado passado.

Os referidos lançamentos levaram ainda os militares dos Estados Unidos e da Coreia do Sul a prolongar os exercícios por mais um dia e enviassem no sábado, pela primeira vez em cinco anos, dois bombardeiros B-1 para a Península Coreana.

Na semana passada, o porta-voz do Conselho de Segurança da Casa Branca, John Kirby, acusou a Coreia do Norte de estar a enviar um "número significativo" daquelas munições para a Rússia "de forma encoberta", "tentando fazer parecer que estavam a ser enviadas para o Médio Oriente ou África".

Na terça-feira, contudo, o Ministério da Defesa da Coreia do Norte negou as acusações dos Estados Unidos de que Pyongyang está a fornecer munições de artilharia à Rússia para a guerra na Ucrânia.

A tensão na Península Coreana está a atingir níveis sem precedentes face aos repetidos testes de armas norte-coreanos, às manobras aliadas e à possibilidade de que, como indicado pelos satélites, o regime de Kim Jong-un esteja pronto para conduzir o primeiro teste nuclear desde 2017. A Coreia do Norte, recorde-se, sempre encarou as manobras militares EUA-Coreia do Sul como ensaios para uma invasão ou para derrubar o regime de Kim Jong-un.

c/ agências
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