Coreia do Norte enviou mais três mil soldados para a Rússia
A Coreia do Sul revelou esta quinta-feira que a Coreia do Norte enviou mais três mil soldados para a Rússia, entre janeiro e fevereiro deste ano. Esta quinta-feira, os líderes europeus reúnem-se em Paris para uma cimeira destinada a discutir a ajuda a Kiev e as garantias de manutenção de paz na região.
Para além disso, Pyongyang anunciou ainda que continua a fornecer mísseis, artilharia e munições a Moscovo.
"Até agora, estima-se que a Coreia do Norte tenha fornecido uma quantidade significativa de mísseis balísticos de curto alcance (SRBMs), bem como aproximadamente 220 unidades de canhões autopropulsados de 170 mm e lançadores múltiplos de rockets de 240 mm", disse o JCS, salientando que "estes números podem aumentar dependendo da situação no campo de batalha".
A Rússia e a Coreia do Norte, aliados comunistas durante a Guerra Fria, reforçaram os seus laços militares desde a invasão da Ucrânia por Moscovo, em fevereiro de 2022. Ambos os países concluíram um tratado de defesa mútua em junho de 2024, que prevê assistência militar imediata e recíproca no caso de um ataque contra qualquer um dos países.
Desde então, a Ucrânia e os aliados ocidentais têm alertado para a presença de tropas norte-coreanas na Rússia, apesar de tanto Moscovo como Pyongyang nunca terem confirmado ou negado tal informação.
A notícia sobre o envio de mais tropas para a Rússia foi divulgada numa altura em que o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Andrey Rudenko, disse que uma visita do líder norte-coreano Kim Jong Un à Rússia está a ser organizada, de acordo com a agência estatal russa TASS.
Líderes europeus reunidos em Paris
Na Europa, líderes de quase 30 países e aliados da Ucrânia reúnem-se esta quinta-feira em Paris para discutir a ajuda a Kiev e estabilidade de longo prazo na região.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, foi recebido no Palácio do Eliseu na noite de quarta-feira, onde recebeu a promessa de uma nova ajuda militar francesa de dois mil milhões de euros.
Esta quinta-feira, Emmanuel Macron receberá, entre outros, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, a italiana Giorgia Meloni, o chanceler alemão Olaf Scholz e o vice-presidente turco Cevdet Yilmaz. O chefe da NATO, Mark Rutte, também é esperado, assim como os líderes da União Europeia, incluindo Luís Montenegro. Ainda antes do encontro desta quinta-feira, Emmanuel Macron falou com o presidente norte-americano, Donald Trump.
França e o Reino Unido estão a presidir o processo paralelo de negociações iniciadas pelos Estados Unidos com Kiev e Moscovo para pôr fim à guerra três anos. Segundo o presidente francês, o encontro desta quinta-feira servirá para "finalizar" as "garantias de segurança" a fornecer a Kiev no caso de um acordo de paz com a Rússia.Rússia diz que Londres e Paris planeiam intervenção militar na Ucrânia
A Rússia, por sua vez, acusa a França e a Grã-Bretanha de estarem a elaborar planos para uma "intervenção militar na Ucrânia" sob o pretexto de uma missão de paz.
Em declarações aos jornalistas esta quinta-feira, a porta-voz do Ministério russo dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, alertou que uma intervenção deste tipo poderia levar a um confronto militar direto entre a Rússia e a NATO.
O alerta surge depois de um conselheiro do presidente ucraniano ter defendido que Kiev precisa de soldados europeus "prontos a combater" depois da guerra, em vez de uma força de manutenção de paz.
Igor Jovkva, que está também envolvido nas negociações de cessar-fogo com a Rússia, transmitiu à agência France Presse, na quarta-feira, que "todos os soldados devem estar preparados para participar num combate real".
As garantias de segurança europeias à Ucrânia, incluindo o possível envio de tropas, será também um dos pontos em cima da mesa na cimeira desta quinta-feira, segundo revelou o presidente francês.
Em declarações na quarta-feira, ao lado de Zelensky, Macron disse que as forças europeias poderiam ser colocadas em “cidades importantes, bases estratégicas” para “marcar o apoio claro de vários governos europeus e aliados”, mas deixou claro que teriam que “responder” a qualquer ataque da Rússia.
Europa rejeita exigências russas e mantém “pressão”
Na terça-feira, após negociações na Arábia Saudita mediadas por Washington, foi anunciado um acordo para uma trégua no Mar Negro e a uma moratória sobre ataques contra instalações energéticas.
No entanto, este compromisso permanece muito incerto nesta fase, uma vez que Moscovo exige uma série de condições antes da sua implementação, nomeadamente o "levantamento" das restrições ocidentais ao comércio de cereais e fertilizantes russos.
O presidente francês já rejeitou suspender as sanções a Moscovo, afirmando que é “muito cedo” para tomar tal decisão. “Em última análise, as sanções dependem unicamente da escolha de agressão da Rússia e, portanto, o seu levantamento depende unicamente da escolha da Rússia de cumprir o direito internacional”, disse Macron.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, também apelou à “manutenção da pressão” sobre Moscovo através de sanções.
"A melhor forma de apoiar a Ucrânia é mantermo-nos comprometidos com o nosso objetivo de alcançar uma paz justa e duradoura. Isto significa manter a pressão sobre a Rússia através de sanções", escreveu Costa na rede social X, que também está em Paris para a cimeira desta quinta-feira.
c/ agências