COP29. Há novo projeto de acordo para o financiamento climático

por Cristina Santos - RTP
EPA

No documento, apresentado em Baku esta quarta-feira, a maioria dos países em desenvolvimento exige mais dinheiro dos países ricos para que concretizem a transição energética. O novo rascunho de acordo tem 34 páginas e é muito maior do que o anterior, que foi rejeitado na véspera.

O valor atual desse financiamento é de pouco mais de 100 mil milhões de dólares por ano, mas as propostas em cima da mesa aproximam-se de um bilião de dólares anualmente.

O texto tem também objetivos específicos para países menos desenvolvidos ou mais vulneráveis, apresenta seis propostas, mas os negociadores devem resumi-las num único documento que os ministros dos países que participam na COP29 vão ter que discutir na próxima semana.
Daniela Santiago, Bruno de Jesus | Enviados especiais da RTP a Baku

Os representantes dos quase 200 países reunidos em Baku devem alcançar um acordo sobre um valor de financiamento e sobre quem vai pagar a luta climática nos próximos anos. As decisões tomadas na COP têm que ser tomadas por consenso.
Emissões mundiais de CO2

As negociações sobre o financiamento da luta contra as mudanças climáticas, esta quarta-feira, coincidem com um relatório científico sobre o ritmo de aquecimento do planeta. O estudo do Global Carbon Project revela que as emissões mundiais de CO₂, geradas pela combustão de carvão, petróleo e gás, vão atingir um novo recorde já este ano.

Foto: Imaginechina via AFP

Os cientistas que colaboraram com o estudo (120 cientistas) avisam que para conter o aquecimento global a 1,5°C (na comparação com o final do século XIX), o mundo deve fixar como objetivo atingir zero emissões líquidas de CO₂ até o final da década de 2030. Muito antes de 2050, o horizonte atualmente previsto por cerca de uma centena de países.

Acresce a este outro alerta. "Nada indica ainda que o uso de combustíveis fósseis tenha atingido o seu máximo", apesar de o pico estar "frustrantemente próximo", afirmou Pierre Friedlingstein, da Universidade de Exeter (Reino Unido) e que liderou o estudo.
“Que diabos estamos a fazer?”
Habitualmente discreta, desta vez a Albânia parece ter abalado ligeiramente os participantes na COP29. Em apenas quatro minutos, o primeiro-ministro albanês resumiu, no seu discurso, o ambiente geral da Conferência: “A vida continua com os seus velhos hábitos e os nossos discursos cheios de boas intenções sobre a luta contra as alterações climáticas não mudam nada”. “Que diabos estamos a fazer nesta Conferência, se nunca há vontade política para nos unirmos e passarmos das palavras à ação?”


Foto: EPA

Edi Rama, o primeiro-ministro albanês, está alarmado também com o facto de o G20 quase não estar representado na COP29. 

A Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas termina no dia 22 de novembro.
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