Tem início este domingo a Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP27), que decorre no Egito. Pela primeira vez, realiza-se num contexto de crise climática sem precedentes e com o planeta à beira de um "precipício climático".
Nunca este encontro anual ao mais alto nível, com governantes e associações de todo o mundo, se realizou num contexto de crise climática tão alarmante.
As emissões de gases poluentes continuam a subir, os fenómenos extremos a aumentar e as previsões pintam um quadro negro e sombrio quanto ao futuro da Terra e de todos os que nela habitam. O mundo já aqueceu até 1,2 ºC e a Organização das Nações Unidas (ONU) alerta que, até ao final do século, o planeta pode mesmo aquecer até 2,8ºC – quase o dobro do estipulado no Acordo de Paris, assinado em 2015 por cerca de 200 países.
Certos especialistas consideram que ainda é possível manter o aquecimento global abaixo de 1,5ºC, mas será muito difícil e exigirá muitos esforços. A UNESCO também alerta que 460 glaciares vão desaparecer em três décadas, o que pode alterar o curso de rios, aumentar do nível do mar, criar avalanchas e tsunamis.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que o planeta está a caminho de "atingir pontos sem retorno que tornarão o caos climático irreversível e o aumento catastrófico da temperatura definitivo".
“Temos de passar de pontos sem retorno para pontos de viragem para a esperança”, apelou Guterres, que pediu mais ambição nesta cimeira do clima “para evitar conduzir o nosso planeta ao precipício climático”.
Guterres salientou que o resultado mais importante da COP27 é alcançar “uma vontade política clara de reduzir as emissões mais rapidamente”. Para tal é preciso um acordo climático histórico entre os países ricos e os que estão em desenvolvimento. “Se esse acordo não acontecer, estaremos condenados”, alertou.
Para além da mitigação dos efeitos das alterações climáticas, a COP27 vai discutir ainda o financiamento e compensações aos países menos desenvolvidos, que estão a ser os mais afetados pelo impacto destes fenómenos.
Um relatório divulgado esta semana revelou que o financiamento internacional atual para os países em desenvolvimento está entre cinco a dez vezes abaixo do necessário. Guterres alertou que é necessário um aumento dramático no financiamento para a adaptação climática de forma a salvar milhões de vidas da “carnificina climática”.
A COP27, que tem lugar em Sharm el-Sheik, decorre até dia 18. São esperados mais de 35 mil participantes, de cerca de 200 países, nesta conferência que é realizada anualmente desde o primeiro acordo climático da ONU, alcançado em 1992.