COP26 tem que marcar o ponto de "viragem para a humanidade", alerta Boris Johnson

por Carla Quirino - RTP
Eduardo Munoz - Reuters

Está na hora do mundo "crescer" e "ouvir os cientistas", declarou Boris Johnson no discurso proferido nas Nações Unidas. O primeiro ministro britânico traça a meta da 26ª Conferência sobre as Alterações Climáticas, que decorrerá na Escócia daqui a duas semanas, como o ponto de viragem nesta crise ambiental. Apelou a um esforço global para que o aquecimento do planeta não seja superior a 1,5 graus, por ano.

"O mundo, esta preciosa esfera azul com sua crosta de casca de ovo e um fragmento de atmosfera, não é um brinquedo indestrutível ou uma sala de plástico saltitante contra a qual nos podemos atirar para o contentamento do nosso coração", disse Boris Johnson perante a plateia de líderes mundiais na 76ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

Sublinhou que "é hora de ouvirmos os avisos dos cientistas - e olhar para a Covid-19, se quisermos um exemplo do alerta feito pela comunidade cientifica, que provou estar certa - e de entender quem somos e o que estamos a fazer".

Johnson advertiu que está na hora da humanidade "crescer", e comparou o comportamento global a um "impetuoso jovem de 16 anos com idade suficiente para se meter em sérios problemas".

Acrescentou que na adolescência "chegamos a uma idade fatídica em que sabemos mais ou menos como dirigir e como destrancar o armário de bebidas e nos envolver em todos os tipos de atividades que são não apenas potencialmente embaraçosas, mas também terminais".

E nessas idades "acreditamos que outra pessoa vai limpar a desarrumação que fazemos, porque é isso que outra pessoa costuma fazer”, relembra Johnson.

"Meus amigos, a adolescência da humanidade está a chegar ao fim. Devemos unir-nos numa maioridade coletiva", sublinhou Johnson.

Recorreu a Sófocles para explicar que a natureza humana não é apenas aterrorizante, como o poeta da Antiguidade Grega a caracterizou, mas incrível.

"Somos incríveis no nosso poder de mudar as coisas e incríveis no nosso poder de nos salvar. Nos próximos 40 dias devemos escolher que tipo de incríveis seremos".

"Nós destruímos nossos habitats repetidas vezes com o raciocínio indutivo de que nos safamos até agora e, portanto, vamos nos safar novamente”, afirmou o primeiro ministro britânico.

Na rede Twitter, Johnson deixa a mensagem de esperança e afirma que a economia verde não tem que ser uma economia pobre.

Para a Cop26
É urgente conter o aquecimento global para menos de 1,5 graus/ano, disse Johnson: "Não estamos falando em deter o aumento das temperaturas - infelizmente é tarde demais para isso -, mas em conter esse crescimento para 1,5 graus. E isso significa que precisamos de nos comprometer coletivamente para alcançar a neutralidade de carbono - zero líquido - até à metade do século. E esse será um momento incrível se conseguirmos".

Boris Johnson defende que devem ser tomadas medidas urgentes para potenciar o uso das tecnologias com energia verde, tornando-a mais barata e acessível.

Sublinha também a necessidade do compromisso do presidente Joe Biden em duplicar o financiamento climático para 11,2 mil milhões de dólares e ainda garantir que a promessa da China em interromper o financiamento de centrais termoelétricas no exterior, seja cumprida.

O PM britânico insiste que mais países devem patrocinar a ajuda para travar as alterações climáticas para cumprir a meta de 100 mil milhões de dólares assinalada há mais de dez anos.

"Unir o mundo para enfrentar as mudanças climáticas" é o lema da 26ª Conferência sobre Alterações Climáticas da ONU, que decorrerá na cidade escocesa de Glasgow, entre 31 de outubro a 12 de novembro deste ano.
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