COP26. Mais de 40 países aderem a aliança para eliminação do carvão

por Carlos Santos Neves - RTP
Um dos países a aderir será a Ucrânia, que tem o terceiro parque industrial a carvão Phil Noble - Reuters

São mais de quatro dezenas os países que se juntam à maior aliança internacional com o objetivo de eliminar progressivamente o carvão das políticas energéticas. Um destes Estados é a Ucrânia, detentora do terceiro maior parque industrial dependente deste recurso energético, a seguir à Alemanha e à Polónia. China, Estados Unidos e Austrália ficam, por ora, fora do compromisso anunciado na última noite.

Além dos mais de 40 países que se comprometeram, na cimeira do clima, com a eliminação do Carvão, 11 instituições financeiras farão parte da aliança. Os números foram avançados nas últimas horas pelo Governo do Reino Unido.

Ainda assim, alguns dos países mais dependentes do carvão, enquanto fonte energética, entre os quais a China, Austrália e Estados Unidos, não se comprometeram com esta aliança.O Governo ucraniano compromete-se a pôr termo à produção de carvão até 2035. Outros países, como o Chile, Singapura, Azerbaijão, Eslovénia e Estónia pretendem chegar ao mesmo objetivo dentro de 15 anos.

Os signatários da aliança internacional comprometeram-se, concretamente, a pôr termo a todos os investimentos – internos ou externos - em políticas energéticas assentes no carvão.

Chegaram ainda a acordo tendo em vista recuar progressivamente na utilização deste recurso na década com início em 2030, para as maiores economias mundiais, e a partir de 2040, neste caso para os países menos desenvolvidos.
“O fim do carvão está à vista”
O secretário de Estado britânico para a Energia e Negócios, Kwasi Kwarteng, arriscou afirmar que “o fim do carvão está à vista”.

“O mundo está a avançar na direção certa, pronto para selar o destino do carvão e abraçar os benefícios ambientais e económicos de construir um futuro alimentado e energia limpa”, acentuou o governante, citado na edição online da BBC.

Todavia, o secretário de Estado “sombra”, o trabalhista Ed Miliband, tratou de apontar o que considera serem as brechas abertas por países como a China, entre os maiores emissores de poluentes do planeta.

Miliband fez também notar que o Governo britânico, anfitrião da COP26, deixou que “outros se safassem”.
“Muito aquém”
Igualmente ouvido pela BBC, Juan Pablo Osornio, à frente da delegação da organização ambientalista Greepeace à cimeira, advertiu que o texto do compromisso “continua a ficar muito aquém da ambição que é necessária quanto aos combustíveis fósseis nesta década crítica”.

“As letras pequenas [do acordo de aliança] parecem dar aos países uma enorme margem de manobra para escolherem o seu próprio calendário, apesar do cabeçalho luminoso”, acrescentou.

Globalmente, em 2019, o carvão gerou cerca de 37 por cento da energia elétrica.


c/ agências
PUB