Apesar das questões de segurança que assombram o contexto político norte-americano, a Convenção Nacional Republicana começa, como previsto, esta segunda-feira na cidade de Milwaukee, no Estado norte-americano do Wisconsin. Depois da tentativa de homicídio contra Donald Trump, no sábado, o magnata republicano vai carimbar a nomeação como candidato à Casa Branca. Antes de aterrar, o ex-presidente afirmou que "era suposto estar morto, não era suposto estar aqui" após o atentado, mas que dado esse acontecimento decidiu reescrever completamente o discurso para o evento, abordando o momento e defendendo a união do país.
Segundo a mesma fonte, Trump deixou Nova Jérsia, no domingo, sob fortes medidas de segurança. Nas primeiras declarações públicas desde o atentado, os serviços secretos falaram sobre os planos para o evento e asseguraram que as redes sociais estão a ser cuidadosamente monitorizadas.
Toda a área em redor do centro de convenções está protegida por barreiras de betão e metal, muitas ruas da cidade de Milwaukee estão cortadas e há forças de segurança em vários locais. A convenção decorre sob a sombra do atentado contra Trump, no comício de sábado na Pensilvânia. Cândida Pinto e Ricardo Guerreiro, enviados especiais da RTP a Milwaukee
No avião, a caminho de Milwaukee no domingo, o candidato republicano lembrou a “experiência surreal” que viveu no dia anterior e afirmou que “devia estar morto”.
"Não devia estar aqui, devia estar morto", disse ao jornal New York Post, acrescentando que foi "uma experiência muito surreal”.
"O médico do hospital disse que nunca tinha visto nada assim, chamou-lhe um milagre", disse.
Segundo o magnata, quando os agentes dos serviços secretos o retiraram do palco, quis continuar a falar com os apoiantes, mas foi-lhe dito que não era seguro e que tinha de ser levado para um hospital. Nas declarações ao jornal, Trump aproveitou para agradecer aos agentes que o protegeram e que dispararam contra o atirador.
"Atingiram-no entre os olhos. Fizeram um trabalho fantástico. É surrealista para todos nós", acrescentou.
"Muitas pessoas dizem que é a fotografia mais icónica que alguma vez viram. Têm razão e eu não morri. Normalmente, é preciso morrer para se ter uma fotografia icónica", comentou sobre a imagem em que aparece a levantar o punho e a dizer "Fight" (luta) várias vezes.
Trump reescreveu novo discurso após atentado
Uma vez a cada quatro anos, tanto o Partido Republicano como o Partido Democrático organizam convenções para eleger formalmente os respetivos candidatos presidenciais e preparar para a reta final da campanha. O ponto alto destes eventos político normalmente é o discurso do candidato escolhido para representar o partido.
Este ano a Convenção Nacional Republicana começa na tarde desta segunda-feira e decorre até quinta-feira, dia para o qual está agendado o discurso de Trump. Espera-se que no último dia o ex-presidente dos EUA apresente também o candidato a vice-presidente para esta campanha.
Ao jornal Washington Examiner, o ex-presidente garantiu que reescreveu completamente o discurso para a convenção, de forma a abordar este momento e a defender a unidade do país.
"Esta é uma oportunidade para unir todo o país, até mesmo o mundo inteiro. O discurso será muito diferente, muito diferente do que teria sido há dois dias".
Trump afirmou que, inicialmente, tinha "preparado um discurso extremamente duro" sobre a "horrível administração Biden", mas acabou por desistir desse por um discurso que esperava que "unisse o país".
"Mas não sei se isso é possível. As pessoas estão muito divididas", considerou.
c/ agências