Convenção republicana após ataque a Trump converte Milwaukee em cidade-fortaleza

por Inês Moreira Santos - RTP
Dan Scavino Jr. via X - Reuters

Apesar das questões de segurança que assombram o contexto político norte-americano, a Convenção Nacional Republicana começa, como previsto, esta segunda-feira na cidade de Milwaukee, no Estado norte-americano do Wisconsin. Depois da tentativa de homicídio contra Donald Trump, no sábado, o magnata republicano vai carimbar a nomeação como candidato à Casa Branca. Antes de aterrar, o ex-presidente afirmou que "era suposto estar morto, não era suposto estar aqui" após o atentado, mas que dado esse acontecimento decidiu reescrever completamente o discurso para o evento, abordando o momento e defendendo a união do país.

Trump chegou no domingo à noite à cidade que recebe a Convenção Nacional do Partido Republicano, um dia antes do início do evento de quatro dias, onde são esperados milhares de republicanos para eleger e formalizar o magnata como candidato presidencial. Horas antes, a equipa de campanha do ex-presidente já tinha confirmado que se mantinha a convenção republicana agendada para o Estado do Wisconsin, mas com medidas de segurança reforçadas.

Segundo a mesma fonte, Trump deixou Nova Jérsia, no domingo, sob fortes medidas de segurança. Nas primeiras declarações públicas desde o atentado, os serviços secretos falaram sobre os planos para o evento e asseguraram que as redes sociais estão a ser cuidadosamente monitorizadas.

Toda a área em redor do centro de convenções está protegida por barreiras de betão e metal, muitas ruas da cidade de Milwaukee estão cortadas e há forças de segurança em vários locais.
A convenção decorre sob a sombra do atentado contra Trump, no comício de sábado na Pensilvânia.
Cândida Pinto e Ricardo Guerreiro, enviados especiais da RTP a Milwaukee

No avião, a caminho de Milwaukee no domingo, o candidato republicano lembrou a “experiência surreal” que viveu no dia anterior e afirmou que “devia estar morto”.

"Não devia estar aqui, devia estar morto"
, disse ao jornal New York Post, acrescentando que foi "uma experiência muito surreal”.

"O médico do hospital disse que nunca tinha visto nada assim, chamou-lhe um milagre"
, disse.

Segundo o magnata, quando os agentes dos serviços secretos o retiraram do palco, quis continuar a falar com os apoiantes, mas foi-lhe dito que não era seguro e que tinha de ser levado para um hospital. Nas declarações ao jornal, Trump aproveitou para agradecer aos agentes que o protegeram e que dispararam contra o atirador.

"Atingiram-no entre os olhos. Fizeram um trabalho fantástico. É surrealista para todos nós", acrescentou.

"Muitas pessoas dizem que é a fotografia mais icónica que alguma vez viram. Têm razão e eu não morri. Normalmente, é preciso morrer para se ter uma fotografia icónica", comentou sobre a imagem em que aparece a levantar o punho e a dizer "Fight" (luta) várias vezes.
Trump reescreveu novo discurso após atentado
Uma vez a cada quatro anos, tanto o Partido Republicano como o Partido Democrático organizam convenções para eleger formalmente os respetivos candidatos presidenciais e preparar para a reta final da campanha. O ponto alto destes eventos político normalmente é o discurso do candidato escolhido para representar o partido.

Este ano a Convenção Nacional Republicana começa na tarde desta segunda-feira e decorre até quinta-feira, dia para o qual está agendado o discurso de Trump. Espera-se que no último dia o ex-presidente dos EUA apresente também o candidato a vice-presidente para esta campanha.

Ao jornal Washington Examiner, o ex-presidente garantiu que reescreveu completamente o discurso para a convenção, de forma a abordar este momento e a defender a unidade do país.

"Esta é uma oportunidade para unir todo o país, até mesmo o mundo inteiro. O discurso será muito diferente, muito diferente do que teria sido há dois dias".

Trump afirmou que, inicialmente, tinha "preparado um discurso extremamente duro" sobre a "horrível administração Biden", mas acabou por desistir desse por um discurso que esperava que "unisse o país".

"Mas não sei se isso é possível. As pessoas estão muito divididas", considerou.

c/ agências
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