Contradições devem levar James Murdoch a nova audiência parlamentar
Novas revelações no caso das escutas telefónicas do jornal News of the World poderão obrigar James Murdoch a regressar à comissão do Parlamento britânico para prestar mais esclarecimentos. O filho do magnata dos media Rupert Murdoch jurou numa primeira apresentação perante os deputados que nada sabia sobre o e-mail que apontava as escutas como uma prática comum no NOTW, mas dois testemunhos vêm agora sustentar o contrário.
No entanto, é outra a versão de dois colaboradores do jornal. Colin Myler, antigo redator do jornal acusado de envolvimento nas escutas nos anos 2000, e Tom Crone, ex-diretor dos assuntos jurídicos do grupo britânico News International.Após 168 anos de atividade, o tabloide News of The World encerrou em julho de 2011, na sequência da revelação do escândalo das escutas telefónicas. James Murdoch é o responsável pelas atividades do grupo controlado pela família Murdoch na Europa e na Ásia.
Em declarações por escrito às questões da comissão parlamentar, Myler e Crone garantem que James Murdoch teve conhecido do referido e-mail, uma mensagem eletrónica que apontava as escutas telefónicas como prática corrente.
Face a estas contradições, Tom Watson, parlamentar trabalhista, já veio admitir como muito provável uma nova audição ao responsável máximo de James Murdoch: "Há elementos contraditórios que a comissão quer elucidar, é por isso que queremos convidá-los de novo. É provável que James Murdoch seja de novo ouvido depois de Crone e de Myler".
Também John Whittingdale, presidente da comissão, já veio apontar a existência de "diferenças" entre as várias versões.
Uma nova audição do próprio Rupert Murdoch – que depôs há cerca de um mês no Parlamento - não está descartada. De acordo com Watson, não é de descartar uma nova apresentação do magnata perante a comissão.
Carta comprometedora
Ainda hoje foi divulgada uma carta de Clive Goodman, jornalista condenado por escutas ilegais em 2007, na qual assegura que Andy Coulson - que seria diretor de comunicação do primeiro-ministro britânico, David Cameron, após ter desempenhado o cargo de chefe de redação no NOTW – lhe garantia novo emprego se ele não comprometesse o jornal em tribunal. Coulson viu-se obrigado a demitir-se da equipa de Cameron em janeiro deste ano, já pela pressão gerada pelo escândalo das escutas telefónicas
Na carta que em março de 2007 dirige à Direção de Recursos Humanos do News International, Goodman lavra o seu protesto por ter sido despedido, sublinhando que se limitou a agir com o apoio do NOTW: "Essa prática era largamente abordada na reunião da manhã até que o chefe de redação baniu qualquer referência".