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Contra-ofensiva ucraniana. Milhares de soldados russos em risco de ficarem cercados numa posição chave

por RTP
Reuters

Precisamente no dia em que Putin anunciou a anexação das regiões sujeitas a referendo, as tropas russas ficaram em situação periclitante em Lyman, a cidade decisiva de uma dessas regiões e considerada de valor estratégico.

Calcula-se que o número de militares russos em risco de ficarem cercados na cidade de Lyman, no nordeste de Donetsk, possa atingir os 5.500. Bloggers e comentadores nacionalistas russos, citados pelo Financial Times, mostravam-se hoje alarmados com as notícias de um avanço inesperado e fulminante de forças ucranianos, que praticamente tinham cercado um considerável contingente russo nessa cidade, uma das anexadas por ordem de Putin.

Lyman é considerada uma posição de valor estratégico para o conjunto da contra-ofensiva ucraniana, no seu esforço para recuperar o resto, ainda não recuperado, da região de Donetsk.

O Financial Times cita nomeadamente Mykhailo Samus, um antigo oficial ucraniano, entretanto director da New Geopolitics Research Network, de Kiev, dizendo que a perda da cidade de Svatove, a norte de Lyman, "é um desastre para eles [os russos], especialmente se a ofensiva ucraniana continuar para Leste, para libertar essa parte da [província de] Luhansk Oblast".

Um outro comentador, Oleksandr Danylyuk, responsável por um think tank militar também sedeado em Kiev, sublinhou o impacto psicológico que poderia ter a captura de grande número de soldados russos num momento em que Putin está a impor uma mobilização largamente impopular: "Iria minar a mobilização. Seria um grande problema para a reputação de Putin e de Shoigu [ministro da Defesa russo]".

E acrescentou: "É importante mostrar isto à direcção russa, que espera intimidar-nos com a sua chantagem [nulcear] ... Seria uma mensagem muito poderosa de que não nos importamos".

Os receios de um cerco às tropas russas em Lyman fizeram subir o tom dos nacionalistas russos mais críticos sobre a condução da guerra por parte de Putin. Vladimir Solovyov, uma das âncoras principais da televisão estatal russa, foi incisivo no seu comentário: "Será que não temos a força e os recursos necessários? Um exército com mais de um milhão [de soldados]. Parem de perder território. Já perdemos suficientes posições".
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