Madrid, 02 Mai (Lusa) - O cannabis, a droga ilegal mais consumida em Espanha, é também a que evidencia uma tendência crescente para o seu consumo regular, motivos que levam muitos dos consumidores a defender a sua legalização.
Oficialmente quase 30 por cento dos espanhóis admite ter já provado marijuana ou haxixe, ainda que os números de consumidores sejam potencialmente muito mais elevados.
Igualmente patente é o crescente número dos que a consomem diariamente, valor que quase duplica, para dois por cento.
Sendo uma droga mais consumida por homens do que por mulheres, e onde a idade média de inicio ronda os 17 anos, o cannabis registou nos últimos anos uma tendência para a estabilização no número dos que experimentam ou consomem periodicamente.
Ainda assim, consome-se hoje desde mais jovem e são cada vez mais os que a consomem diariamente.
O relacionamento da população com a droga varia claramente entre as várias regiões autónomas, sendo as zonas da Catalunha, Navarra e das Ilhas Baleares as que consomem acima da média nacional.
A par da estabilização no consumo esporádico de marijuana, tem-se vindo a consolidar o consumo da cocaína, hoje a segunda droga ilegal (o álcool e o tabaco, ambas legais, são as mais consumidas) mais procurada em Espanha.
O consumo de cocaína quase duplicou para mais de três por cento.
Mais do que o consumo, que continua a crescer, as autoridades manifestam-se igualmente preocupadas com a percepção, entre muitos dos jovens, de que drogas como o cannabis têm um risco baixo para a saúde.
Um inquérito recente à população escolar, sector onde mais se evidencia um aumento do consumo, demonstrou que quase 78 por cento dos jovens considera que consumir marijuana ou haxixe diariamente tem riscos relativamente baixos para a saúde.
Daí que recentemente, e a par de outras campanhas iniciadas tanto pelo governo nacional como pelos regionais, tenha sido implementado um Plano Estratégico para combate ao tráfico e consumo de droga em centros escolares e educativos.
Só no primeiro ano foram detidas quase 2.300 pessoas e desactivados 811 pontos de venda, tendo sido confiscados 307 quilos de haxixe, 38,6 quilos de cocaína, 145 quilos de marijuana e quase 23 mil pastilhas de ecstasy, além de outras drogas.
O combate à produção e venda é um dos principais enfoque das acções policiais, com noticias regulares de detenções e operações tanto contra grandes redes de distribuição como contra pequenos produtores.
No entanto, críticos consideram que as autoridades preferem atacar directamente os consumidores, mais fáceis de detectar e de visar.
Ainda que detenções por consumo sejam pouco comuns, tem-se evidenciado um aumento no número de multas dadas a consumidores, um dos aspectos que leva muitos dos defensores da legalização a acusar os sucessivos governos de "hipocrisia" na forma como lidam com a matéria.
Relatórios oficiais notam, por exemplo que em 2006 houve um aumento de 26,3 por cento no número de multas em aplicação da "lei de posse e consumo de drogas em lugares públicos". - foram mais de 218 mil, das quais 77 por cento por cannabis.
Combater esta tendência - que visa mais o pequeno consumidor - foi um dos objectivos de manifestações pela liberalização que ocorreram em várias cidades espanholas.
O mesmo voltará a ocorrer no próximo dia 10 de Maio, com um lemas das concentrações deste ano a ser o combate às multas, sob o lema "Liberdade para a Maria! Liberdade para Todos!".
ASP.
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