Os democratas no Congresso norte-americano divulgaram esta sexta-feira seis anos de declarações fiscais do ex-presidente norte-americano, onde constam informações pessoais confidenciais, nomeadamente números de contas bancárias.
São quase seis mil páginas de informações entre 2015 e 2020, num compêndio que inclui declarações individuais de Trump e da mulher, Melania.
Entre as principais informações que constam nestes documentos, destaque para os dados que já tinham sido divulgados num relatório este mês.
Trump pagou um milhão de dólares (cerca de 930 mil euros) em impostos federais sobre rendimentos em 2018 e 2019, mas em 2017 pagou apenas 700 dólares (cerca de 650 euros). Em 2020, não liquidou quaisquer impostos.
Perante a quantidade de documentos, deverão surgir novos dados e informações nos próximos dias, à medida que os valores são escrutinados.
A divulgação acontece após vários anos de uma longa batalha jurídica e também depois da votação no Comité de Meios e Recursos da Câmara dos Representantes, na semana passada, em que os democratas defenderam a publicação dos dados, alegando a necessidade de transparência num Estado de Direito.
Por sua vez, os republicanos consideraram que a publicação destes dados poderia abrir um precedente perigoso em relação à perda de proteção de privacidade.
Quando esteve na Casa Branca, Trump recusou-se a divulgar as suas declarações fiscais e procurou mantê-las em segredo. No entanto, no mês passado, o Supremo Tribunal dos EUA decidiu que o ex-presidente deveria entregar os documentos em causa ao Comité do Congresso.
Trump reage
Em reação à divulgação dos documentos, o ex-presidente norte-americano considerou que a decisão “vai levar a coisas horríveis para muitas pessoas”.“Os democratas não o deveriam ter feito, o Supremo Tribunal não o deveria ter aprovado”, disse ainda em comunicado publicado na sua rede social, Truth Social.
Donald Trump considera que as divisões nos Estados Unidos só pioram com a divulgação deste tipo de informação. “Os democratas da esquerda radical estão a usar tudo como arma, mas lembrem-se que essa é uma estrada perigosa com dois sentidos!”, avisa.
O ex-presidente e empresário norte-americano realça ainda que as declarações fiscais “mostram mais uma vez como tenho sido orgulhosamente bem-sucedido e como fui capaz de usar a depreciação e outras deduções fiscais como um incentivo para criar milhares de empregos e magníficas estruturas e empresas!”.
Esta divulgação de dados acontece poucos dias antes de os republicanos retomarem o controlo da Câmara dos Representantes, na sequência das eleições intercalares de novembro.
Na reta final dos trabalhos deste ano, os congressistas aprovaram um projeto de lei que exige auditorias às declarações de imposto sobre rendimentos de qualquer presente.
No entanto, dificilmente será aprovada, uma vez que os republicanos se opuseram à referida legislação por receio que isso possa prejudicar questões de privacidade e o uso indevido deste tipo de dados para fins políticos.